O xerez é infinito. Este é um país de pequenas pátrias, onde cada bota fala uma língua que soa familiar, embora tenha nuances próprias. Aqui, as fronteiras são constituídas por portões de ferro e postes de madeira que guardam vinhos generosos que suportam os rigores das longas viagens. A história destes vinhos e a gastronomia que cresceu em torno deles explicam porque Jerez de la Frontera foi eleita a Capital Gastronómica de Espanha em 2026.
“Sem isto não seríamos nada”, repete Cesar Saldaña, presidente da DO Vinos de Jerez, segurando um pedaço de albaris, a terra esbranquiçada que deu fama internacional a estes vinhos. Esta terra, composta por exoesqueletos de animais compactados há trinta milhões de anos, está repleta de microcanais capazes de absorver e reter a água das chuvas que aqui caem quando querem. El Marco (o triângulo entre Jerez de la Frontera, El Puerto de Santa Maria e Sanlúcar de Barrameda) está localizado muito perto da Serra de Grazalema, o local com mais pluviosidade em Espanha. Chegam no inverno, quando a videira está dormente, mas a albarisa retém o que é necessário para despertar a planta na primavera.