dezembro 19, 2025
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O segundo vice-presidente da Câmara e representante do Vox na Câmara Municipal de Valência, José Gozalbez, assinou um contrato de assistência jurídica com o Colégio Oficial de Engenheiros Técnicos Industriais de Valência (COGITI), apesar da excepcional dedicação ao seu trabalho como vereador com um salário bruto anual de 85.277 euros.

Porém, o plenário municipal de dezembro de 2023 aprovou sua compatibilidade para o cargo de advogado. Embora tenha iniciado o seu mandato com 75% de trabalho a tempo parcial e um salário de cerca de 70 mil euros, poucos meses depois exigiu emprego a tempo inteiro e compatibilidade para continuar a exercer a advocacia, considerando-a uma actividade ostensivamente secundária. Assim, graças ao voto decisivo do autarca, não podendo Gosalbez participar naquele momento da sessão, obteve a aprovação do plenário e passou a receber 100% do vencimento do Estado correspondente à dedicação excepcional (85.277 euros).

Fontes oficiais do grupo municipal Vox e da COGITi confirmaram ao elDiario.es que estas relações contratuais existem e que estão sujeitas à compatibilidade aprovada na referida reunião plenária. No entanto, nenhuma das partes se dispôs a fornecer informações detalhadas sobre o valor do contrato, quando foi assinado e se foi comunicado ao secretário municipal, e os principais aspectos para determinar se a compatibilidade prevista e a suposta marginalidade das atividades privadas foram respeitadas.

De acordo com o n.º 4 do artigo 16.º da Lei das Incompatibilidades, “pode ser reconhecida a compatibilidade para atividades privadas ao pessoal que exerça trabalho que exija o recebimento de determinados pagamentos adicionais ou de conceito similar, cujo montante não exceda 30 por cento da sua remuneração base”.

Além disso, isto poderia levar a incompatibilidade se a Gosalbez celebrasse contratos com empresas de engenharia industrial ou empresários associados à COGITI. O n.º 1A do artigo 15.º estabelece que a pessoa beneficiária da compatibilidade não poderá exercer “o exercício de actividades privadas, incluindo as de natureza profissional, por conta própria, sob dependência ou ao serviço de pessoas singulares ou colectivas, em assuntos em que intervenha, tenha intervindo nos últimos dois anos, ou seja obrigado a intervir por estatuto público. Esta incompatibilidade inclui, nomeadamente, actividades profissionais prestadas a pessoas a quem é obrigado a assistir no exercício de cargo estatal”.

O perfil de Gosalbez no Linkedin afirma que é um “advogado independente” e que tem “um escritório próprio, aberto em 2007, que trata tanto de urbanismo como de contencioso administrativo, bem como de questões de direito civil em geral, especialmente em matéria de liquidação de contratos, reclamações de valores, arrendamentos, propriedade horizontal, heranças, divórcios”. Entre as suas especialidades estão questões de planeamento urbano, “protegendo tanto os interesses do agente urbanístico como os dos proprietários ou intervenientes privados neles”. No entanto, o escritório não possui um site ativo e a página de Gosálbez y Paya Abogados no Facebook não é atualizada desde 2013. Também não consta com este nome no registro comercial.

No dia 25 de fevereiro, a COGITI anunciou no seu site um acordo assinado com um “prestigiado escritório de advocacia de Valência” e explicou: “Com mais de 30 anos de experiência, oferece uma vasta experiência na área jurídica, garantindo uma atenção personalizada às necessidades específicas da COGITI Valência e dos seus membros. Este acordo permitirá que os membros recebam aconselhamento jurídico personalizado através de email e do novo sistema WhatsApp sobre temas como credenciais industriais (ITIs) ou questões de planeamento urbano”.

As consultas “serão respondidas no prazo de 24 a 48 horas; Os participantes que se apresentarem poderão solicitar uma visita ou reunião num escritório de advogados para discutir assuntos específicos, de acordo com os termos acordados com a COGITI Valencia. Via chat, também será agendado um encontro no escritório de advogados com a maior brevidade possível”. A novidade é que “uma equipe de advogados tratará de questões relacionadas ao planejamento urbano”.

Além de Gosalbez, os conselheiros também da Vox, Cecilia Herrero e Juan Manuel Badenas, aprovaram a compatibilidade. Também foi recebido por Carlos Mundina, Rocío Gil e Maria José Ferrer San Segundo, além do próprio Catala PP; e Borja Sanjuan e Elisa Valia do PSPV, que não utilizaram.

Ouvidoria determina que clientes devem ser identificados

Um vereador de Valência é contratualmente obrigado a divulgar os nomes das empresas com as quais trabalha como advogado. O Provedor de Justiça Gruges, o Provedor de Justiça de Valência, emitiu uma resolução motivada por uma reclamação da vereadora do PSPV, Elisa Valia, na qual afirma que o município deve divulgar com que empresas José Mari Olano, vereador responsável pelo Conselho de Contratos, que distribui contratos públicos, tem vínculos laborais. A resolução pode abrir um precedente e também obrigar outros conselheiros, como é o caso de Gosalbez, a denunciar as empresas com as quais trabalha a partir de seu escritório de advocacia.

Esta questão, que é uma obrigação óbvia do ponto de vista da transparência para evitar conflitos de interesses, levou meses para ser esclarecida. A Câmara Municipal e o próprio presidente da Câmara recusaram repetidamente fornecer informações sobre os seus vínculos laborais aos vereadores da oposição, argumentando que o sigilo profissional da profissão jurídica deve ser respeitado. Marie Olano se absteve de inúmeros processos para evitar conflitos de interesses, como declarou neste órgão, em grandes contratos. Num desses procedimentos, o orientador “esqueceu-se” de se abster e foi obrigado a apresentar um documento post hoc admitindo o erro.

Referência