Em muitas empresas, a mesma valsa ainda se repete sempre que chega um contrato, fatura ou apresentação enviada por um fornecedor. O documento passa por diversas equipes que baixam, abrem, comparam com bancos de dados internos e devolvem com correções. … que circulam novamente como anexos. Este procedimento reflete o atrito estrutural isto atrasa processos-chave e explica porque é que a automatização de documentos permanece limitada mesmo em empresas com sistemas avançados. Anyformat foi criada em Madrid em 2024 para preencher esta lacuna.
A empresa foi fundada Juan Hugue (CEO) e Diego Perez (CTO) depois de identificar um padrão geral em organizações com grandes quantidades de informações. Muitos dos dados que impactam as operações de missão crítica ainda estão armazenados em PDF, Excel ou arquivos de apresentação que não podem ser diretamente integrados aos sistemas internos. De facto, de acordo com o relatório Innovation Catalyst da Dell Technologies, 68% das empresas espanholas não conseguem transformar os seus dados em informação valiosa em tempo real, um factor que limita o desempenho em sectores com grande procura de documentos.
Anyformat usa modelos generativos de inteligência artificial extrair informações de qualquer documento, interpretá-las e devolvê-las de forma normalizada com evidências relevantes, prontas para inclusão nos fluxos operacionais. “As empresas não têm problemas com a adoção de IA, mas sim com a disponibilidade de dados confiáveis”, comenta o CEO.
Os primeiros casos de uso ajudaram a moldar o produto. As equipes que processam dezenas de tickets por semana poderiam automatizar a extração de dados e dedicar mão de obra humana para revisar apenas os casos que exigem revisão. “Percebemos que o verdadeiro valor está não só na leitura do documento, mas também na oferecer uma experiência útil para equipes não técnicas, sob supervisão humana quando necessário e com total rastreabilidade”, explica Uge.
Um dos diferenciais da plataforma é interseção em tempo real com bancos de dados corporativos. Se o nome de um fornecedor estiver listado com diferentes variações no contrato e no ERP (software que centraliza a contabilidade, compras e vendas de uma empresa), o sistema determina a equivalência, sugere a referência correta e anexa as evidências utilizadas para justificar a padronização. Segundo a empresa, esta integração reduz o tempo de processamento entre 60 a 90 por cento, em alguns casos de dezoito minutos por documento para menos de dois.
O modelo de negócio combina uma assinatura anual com créditos ao consumidor com base no volume de processamento. A empresa já está trabalhando com Governo de Singapura, L'Oréal e Grupo IAG e espera que a receita recorrente exceda um milhão de euros em 2026, impulsionada pela expansão comercial e pelo aumento dos casos de utilização em automação e conformidade.
Novo impulso
Após o encerramento de uma ronda de 3,3 milhões de euros liderada pela Kibo Ventures, a startup irá acelerar o desenvolvimento de produtos, expandir as equipas técnicas e fortalecer as capacidades comerciais em Espanha e na União Europeia. A empresa também investirá em melhorias de segurança e certificações como a ISO 27001, necessárias para trabalhar com grandes corporações e administrações governamentais.
A startup projeta esta evolução no objetivo mais amplo de criar uma nova infraestrutura documental europeia. “Nosso objetivo é ser o motor que os governos e as grandes corporações usam para transformar documentos em informações úteis”, diz Uge.