dezembro 28, 2025
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Houve dois Herodes na vida de Jesus, cujo nascimento celebramos (mais tolamente do que nunca) hoje em dia. Herodes, o Grande, o mesmo episódio do massacre dos Santos Inocentes, episódio mais que duvidoso incluído no Evangelho de Mateus, e seu filho, o tetrarca Herodes Antipas, o mesmo que devolveu a bola do julgamento sobre Jesus Cristo a Pôncio Pilatos depois de rir daquele a quem ironicamente chamou de Rei dos Judeus, segundo o Evangelho de Lucas. As duas pérolas, como diria Rosália, têm um significado teológico na vida de Jesus, desde o seu nascimento até a sua morte. Herodes, o Grande, na opinião de Chesterton, é “a sombra do grande fantasma cinzento sobre os seus ombros”, uma figura importante necessária para compreender que o nascimento de Jesus não é apenas um acontecimento de esperança, mas também “uma entrada em território inimigo”, um Deus que se tornou homem para “fazer tremer torres e palácios até aos seus alicerces, tal como Herodes, o Grande, sentiu este terramoto sob os seus pés e cambaleou no seu palácio instável”.

Herodes é uma força diante da humildade e da pobreza de Jesus, e está derrotado, embora a realidade insista em nos mostrar que é exatamente o oposto. Na verdade, e pelo que sabemos, Herodes, o Grande, ordenou o assassinato da sua esposa Mariamne, de três dos seus 14 filhos, da sua sogra e do seu genro, e talvez por causa deste impulso assassino na esfera doméstica, Mateus o acusou do assassinato de inocentes. O Grande morreu dolorosamente e fedorento, de uma terrível gangrena, cuja origem não é muito clara, o que nos leva a acreditar, talvez sem razão, que todo porco recebe o seu São Martinho. Seu filho Herodes Antipas, a quem Jesus chamou de “raposa” ou “cadela”, segundo diversas traduções do trecho do Evangelho de Lucas, casou-se com Herodias, esposa de seu irmão, cuja filha Salomé pediu e recebeu de bandeja a cabeça de São João Batista. Herodes Antipas queria que Jesus detido fosse levado até ele para contemplar alguns de seus milagres. Como estava insatisfeito, ele riu de Jesus Cristo e O devolveu a Pilatos. Há também um terceiro Herodes no Novo Testamento, Herodes Agripa, filho de Antipas, que, segundo os Atos dos Apóstolos, ordenou a morte do apóstolo Tiago, foi o responsável pela prisão de Pedro e morreu comido por vermes. Uma família modelo e nada polarizada: todos concordavam que Jesus e os cristãos eram um perigo para o poder.

Referência