A República Democrática do Congo (RDC) e o grupo rebelde M23 assinaram um acordo-quadro para um acordo de paz que visa pôr fim aos combates no leste do país.
Autoridades das duas partes em conflito assinaram o documento, denominado Quadro de Doha para um Acordo de Paz Abrangente, numa cerimónia no Qatar que também contou com a presença de negociadores catarianos e diplomatas americanos.
O negociador-chefe de Doha, Mohammed Al-Khulaifi, qualificou o acordo de “histórico” e acrescentou que os mediadores continuarão os seus esforços para alcançar a paz no terreno.
Desde que voltou a pegar em armas no final de 2021, o grupo armado M23 conquistou grandes extensões de terra no leste da RDC com o apoio do Ruanda, desencadeando uma crise humanitária em espiral.
Membros do grupo rebelde M23 em Goma, em Abril. (Reuters: Arlette Bashizi)
Na última série de ataques, o M23 tomou Goma, a maior cidade do leste da RDC, em Janeiro, antes de avançar para as províncias de Kivu do Norte e Kivu do Sul.
O Ruanda há muito que nega as acusações de estar a ajudar o M23, que conquistou mais território na República Democrática do Congo do que nunca.
Os combates mataram milhares de pessoas e deslocaram outras centenas de milhares este ano, ao mesmo tempo que aumentam o risco de uma guerra regional em grande escala.
O Qatar acolheu várias rondas de conversações directas entre o governo da RDC e os rebeldes desde Abril, mas elas lidaram em grande parte com condições prévias e medidas de criação de confiança.
A República Democrática do Congo e o M23 assinaram um acordo de cessar-fogo e um quadro anterior no emirado do Golfo em Julho, mas rapidamente surgiram relatos de violações e ambos os lados foram acusados de quebrar a trégua.
A República Democrática do Congo já havia rejeitado a ideia de manter conversações com o M23, chamando-o de grupo terrorista.
Fontes de ambas as delegações expressaram frustração com o ritmo das negociações e a falta de progressos nas medidas de criação de confiança.
Isso incluiu a libertação de membros do M23 detidos pela República Democrática do Congo e a reabertura de bancos em território controlado pelos rebeldes.
Reuters/AFP