novembro 17, 2025
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Depois de uma semana marcada pela morte do cantor Pontus, Antonio Fernandez “Fosforito”, o primeiro vencedor do concurso Concurso Nacional de Flamenco em Córdoba e o mais recente “Kante's Golden Key”, a competição retomou no passado sábado a sua programação paralela de espectáculos como prelúdio para a fase final da competição, que acontecerá esta semana em Teatro Bolshoi candidatos por receber prêmios valiosos nas nomeações Cantar, dançar, violão e esta edição, como nova, também Melhor Instrumentista.

Nem o aviso meteorológico laranja nem o aguaceiro que atingiu a cidade pouco antes do início do espetáculo impediram que um grande número de amantes da dança se reunissem no Gran Teatro. O pôster traz um clássico da dança flamenca mais vanguardista: “A Idade de Ouro” Israel Galvan. O espetáculo, vinte anos desde sua estreia em 2005, que de certa forma marcou dedicação da dançarina Sevillan como figura pioneira no universo flamenco e seu reconhecimento pelo Prêmio Nacional de Dança pela Criatividade no mesmo ano.

A proposta tenta recriar a essência do flamenco do final do século XIX e início do século XX, uma arte desprovida da artificialidade e instrumentalização da época, que Galván nos mostra neste trabalho com óptica minimalista. O melhor exemplo é o corpus pictórico, composto apenas por cantora (Maria Marin), guitarrista (Rafael Rodriguez) e o próprio dançarino no palco com fundo preto. Um conceito que já era inovador há duas décadas, quando predominavam produções com grandes grupos de bailarinos e cenários elaborados. Graças a este formato, económico e adaptável a quase todos os ambientes, Galván confirmou numa entrevista que já foram encenadas mais de 400 espectáculos desde a sua estreia.

Seu próprio idioma

A nível artístico, “The Golden Age” sintetiza o que Galvan representa no universo da dança flamenca: um artista que chupei ele forte desde pequeno e que ele inventou sua própria linguagem. Na obra encontramos um repertório variado de palos (Malagueña, Rondeña, Abandolaos, Tientos, Tangos, Bulerias, Soleas, Alegrias, Seguirías e Tonas…), que são executados com canto e violão em suas formas clássicas. Um contraste a este purismo é criado desde o início por Galvan com o seu antigo traje de showgirl e uma dança repleta de formas e recursos únicos (movimentos robóticos, saltos, sapateado, expressões mínimas, pés colocados numa cadeira…).

Depois de uma carreira tão bem sucedida como a de Galvan, o sevilhano continua a dividir os adeptos do flamenco entre aqueles que o consideram gênio e aqueles que vêem isso como geek. De qualquer forma, o que não se pode negar é vontade de experimentara sua busca por novas formas de expressão e o mérito de sistematizar a sua própria dança. Uma linguagem que nem todos entendem, mas na qual continua a expressar a sua especial compreensão do flamenco e da arte.