Quarto “Laranya” Faculdade de Belas Artes de Sevilha acontece de 17 a 28 de novembro exposição 'Conteúdo sensível', um projeto do artista e pesquisador Miguel Mendoza (Olvera, 1999), curadoria de Aurea Muñoz del Amo e Maria del … Mar Bernal. A exposição reúne trabalho gráfico endereçamento fotografias de esculturas e instalações num conjunto que serve para pensar a materialidade da fotografia numa perspectiva crítica e reflexiva, explorando as conexões entre luz, imagem e interações digitais.
Com esta proposta, o artista cádiz transfere a sua investigação para o campo expositivo, abrindo espaço para o diálogo entre visual e tátilentre virtual e físico. “Vivemos rodeados de imagens que pensamos tocar constantemente, sem sequer tocá-las. Estou interessado em abordar o sensível em termos do seu duplo sentido.quando se trata de conteúdos sensíveis que chamamos de ofensivos ou irritantes, bem como da capacidade perceptiva que advém da proximidade e da observação”, explica Mendoza.
Ponte entre o digital e o antigo
“Conteúdo sensível” surge da necessidade questionar a aparente imaterialidade da fotografia digital. Numa época em que as imagens circulam pelos dispositivos sem peso nem tempo, Mendoza se esforça para dar-lhes fisicalidade, materialidade e presença. Por esta, estabelece um sugestivo paralelismo entre telas modernas e antigos vitrais góticos.: Ambas as imagens, atravessadas pela luz, pretendem ser contempladas, mas também possuem poder simbólico e cultural, capazes de gerar tendências, avançar discursos e movimentar multidões.
A exposição oferece veja fotos de outros lugaresconsiderando a luz como um elo entre a fotografia química e a modernidade pós-digital. Em sua obra, o artista combina procedimentos tradicionais de vitral com solda de estanho e cobre, além de imagens fotográficas digitais e analógicas, criando uma linguagem híbrida que se desdobra no espaço da sala. O resultado são obras que brilham, filtram e projetam, onde o material se torna um suporte fotossensível.
“Me interessa pensar a imagem não só como representação, mas também como experiênciaAs redes sociais nos forçaram a participar de um ato coletivo de voyeurismo: olhe, toque, compartilhe. Neste projeto procuro tornar esse gesto tangível e revelá-lo”, afirma Mendoza.
Reflexões sobre a sensibilidade moderna
O título da exposição brinca com duplo senso de razoável: por um lado, um aviso de que nas redes sociais antecede conteúdos considerados sensíveis; por outro lado, a sensibilidade como capacidade de sentir, perceber e ser afetado. Nesse sentido, o Conteúdo Sensível convida você a parar e notificaçãorestaurar uma forma de atenção que a velocidade digital tende a enfraquecer.
A proposta de Mendoza não analisa apenas consumo de imagem atualmas também a questiona de um ponto de vista poético e crítico. Suas obras funcionam como limiares de luz, forçando o espectador a se mover, mudar de perspectiva e experimentar reflexão e transparência. O visitante não contempla simplesmente a imagem: ele caminha por ela.
Artista em expansão
Nasceu em Olvera (Cádiz) em 1999. Miguel Mendoza Pertence a uma geração que cresceu entre ecrãs e redes, mas que também reivindica materialidade e processo. Graduado pela Universidade de Sevilha em Belas Artes e Mestre em Artes em Ideia e Produção. Atualmente faz doutorado em arte e patrimônio na mesma instituição.
Seu trabalho foi notado prêmios por exemplo, o Prémio Primeira Carreira inclui a participação em projetos internacionais relevantes como ASTER no festival Ars Electronica em Linz (Áustria, 2023–2025) ou Artech. Imaginando nosso futuro em Bangkok (Tailândia 2023). Além disso, as suas obras fazem parte de coleções como a Fundação CIEC (A Coruña) ou o Centro de Iniciativas Culturais da Universidade de Sevilha (CICUS).
Um encontro com imagem e luz
A exposição na Sala Laranja é uma oportunidade de entrar num universo visual onde a tecnologia se encontra com a tradição e onde a luz, e não apenas o meio, se torna o verdadeiro herói. “Conteúdo Sensível” convida você a vivenciar uma imagem de perto, tocá-la com os olhos e deixar que ela toque você. Como conclui o artista: “As imagens digitais parecem intangíveis, mas continuam a influenciar-nos. Elas passam efémeramente pela nossa retina, tornam-se hiperconectadas e dependem da interação social para a sua persistência.”