novembro 19, 2025
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A Fundação Toro de Lidia apresentou esta quinta-feira, no Palácio de Cibeles, um reconhecimento a Luis Maria Anzón “pela defesa incondicional das touradas em todos os meios de comunicação que liderou ao longo da sua carreira”. Antes de subir ao palco, A sala observou um minuto de silêncio em memória de Alvaro Domecq e Ana Maria Boorquez, dois líderes recentemente falecidos do campo Bravo. Mais tarde, foi Vicente Sabala de la Serna, coordenador deste I Congresso Taurino, quem tomou a palavra para apresentar Anson: “Se eu começar a ler o seu resumo, ficaremos aqui meia hora”, alertou, lembrando o porte de um dos grandes mestres do jornalismo espanhol.

Luis Maria Anson, figura de linguagem e mestre em literatura

Anson, que acabara de completar noventa e um anos, falou, como sempre, com emoção e clareza. “Fui um obreiro da palavra. Continuo trabalhando todos os dias no jornal. Se Deus quiser, morrerei assim”, disse. A sua feroz defesa do Festival ao longo de décadas tornou-se num discurso de grande profundidade cultural: “Desprezar algo tão grande como as touradas é uma atrocidade. A geração 27 girou em torno dos touros. recitou de memória diante de um público atordoado poemas de “Sangue Derramado” do famoso Llanto de Lorca. ”

“As touradas são um balé de arte e valor. Ouvi isso de Picasso, que era comunista”, lembrou. E alertou para o risco de manipulação política: “Agora, por razões partidárias e sectárias, o que os touros querem dizer é distorcido em apenas algumas votações”. Ele enumerou óperas, romances e centenas de poemas inspirados na luta, e não hesitou em defender o papel do jornalismo: “Deve esquecer o sectarismo e refletir o que está acontecendo na sociedade.

Festa ABC

Antes deste reconhecimento, foi realizada uma mesa redonda intitulada “Imprensa, Tauromaquia e Liberdade” que contou com a participação dos dirigentes dos três maiores jornais nacionais. Julián Quirós, diretor do ABC, destacou que “entrar em contato com o ABC não é algo especial, é algo interno. Nos nossos artigos falamos de touros em liberdade, sem obrigações, que os touros devem ser apreciados por todos”.

Quirós insistiu que a transformação digital deve coexistir com as melhores tradições escritas: “Não podemos perder a crónica das touradas, uma das mais ricas que já existiu”. Segundo o diretor do ABC, o mundo das touradas vive um evidente boom de interesse: “Os grandes números sempre superaram as touradas e agora o crescimento é enorme”. Ele também analisou o uso político das touradas: “Os touros não estão certos. “Vocês se foram”, disse ele, olhando simbolicamente para a esquerda, “aqueles que abandonaram a identidade cultural que antes compartilhavam”. E apontou a contradição: “Na Catalunha a praça de touros está proibida, mas as feiras de rua persistem porque não ousam tocar no que é realmente popular”. Entre os espectadores estava Mario Vilau, um toureiro catalão que nunca tinha vivido uma tourada na sua terra natal.

Vicente Ruiz, vice-diretor do El Mundo, defendeu a obrigação profissional de cobrir o que é de interesse público: “Seria negligência não dar bobagens quando os dados são duplicados. Morante de la Puebla foi o nome mais lido em nosso jornal este ano, à frente de qualquer presidente de governo. E enfatizou que o público jovem está crescendo ativamente. Paco Maruenda, diretor do La Razón, ampliou esta ideia: “Devemos complementar as tradições com novos canais. “Vibramos lendo o noticiário, mas também assistindo a atuação do toureiro.” E acrescentou uma chave política: “A esquerda precisa de bandeiras para se opor às touradas e destacar outros debates”.

O evento foi aberto pelo prefeito José Luis Martínez-Almeida, que falou sobre o papel cultural das touradas e enfatizou a importância da imprensa: “Devemos preservar as touradas e transmiti-las através de vocês”. Victorino Martin, presidente da FTL, também falou, sublinhando que “a causa das touradas e da liberdade revelou-se mais forte do que todos os tristes esforços dos proibicionistas”, e agradeceu à Câmara Municipal pelo seu “compromisso em continuar a expandir a capital mundial das touradas nesta cidade”. Uma plataforma ideal para homenagear a memória de um homem que defendeu a mesma ideia nas redações durante mais de meio século: Luis Maria Anzon, letrista e mestre do jornalismo.