novembro 22, 2025
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O debate climático global na COP30 está num ponto de viragem. O mundo já acumulou diagnósticos, alertas e promessas suficientes. O que falta agora é o elemento menos discutido e mais definidor: uma arquitectura financeira que transforme os compromissos ambientais em resultados mensuráveis.

Embora o Brasil não seja um dos maiores emissores do mundo, abriga as maiores florestas tropicais do planeta e possui um sistema financeiro público que pode operar em escala nacional. Isto dá-nos uma dupla responsabilidade: proteger um bem ambiental crítico e demonstrar de forma transparente como financiar essa protecção.

As avaliações apresentadas nesta conferência são claras. Manter a Amazônia viva, promover o engajamento produtivo e estruturar cadeias de bioeconomia exige dezenas de bilhões de dólares anualmente. Este número deve ser interpretado não como um apelo político, mas como uma informação estratégica: preservar a selva é muito mais barato do que combater os danos causados ​​por eventos climáticos extremos que já afectam todos os continentes.

O problema não está apenas na quantidade, mas também em como. Sem governação, métricas verificáveis ​​e acompanhamento, o financiamento climático corre o risco de se tornar apenas mais um exercício retórico. É aqui que os bancos públicos eficientes fazem a diferença. No Brasil, o Banco do Brasil está presente em mais de 95% dos municípios, permitindo que empréstimos sustentáveis ​​cheguem a agricultores familiares, comunidades tradicionais e cadeias de valor que raramente estão no radar financeiro global.

Na COP30, introduzimos novas ferramentas de monitorização ambiental e social, expandindo carteiras de empréstimos sustentáveis ​​e modelos de mitigação de risco que podem atrair capital internacional. São iniciativas concebidas para responder às exigências dos investidores e dos governos estrangeiros: transparência, previsibilidade e potencial de implementação.

A comunidade internacional sabe o que precisa ser feito. Ele conhece o custo da inação. O que ainda falta é confiança. E a confiança não nasce de discursos, mas de instituições fortes. É por isso que digo: a transição verde global dependerá tanto de bancos fortes como de metas climáticas ambiciosas.

Se o Brasil conseguir combinar um modelo de financiamento climático com rigor técnico, impacto social e governança sólida, não seremos mais apenas um ícone ambiental. Seremos um exemplo de que o desenvolvimento e a conservação podem e devem avançar juntos.

A Amazônia não pede compaixão. Peça compromisso. E este compromisso requer sistemas financeiros capazes de o alcançar. O Brasil tem esse potencial. Agora ele precisa mostrar isso ao mundo.