novembro 22, 2025
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Um tribunal de Madrid condenou a gigante tecnológica Meta a indemnizar a imprensa em 542 milhões de euros por concorrência desleal. A polêmica decorre de uma ação movida em 2023 por 87 editores de imprensa, incluindo o grupo Vocento, e agências. Notícias espanholas, agrupadas em torno da Information Media Association. Segundo os demandantes, a empresa multinacional de Mark Zuckerberg extraiu ilegalmente dados pessoais dos utilizadores para aumentar as suas receitas publicitárias no Facebook e Instagram durante pelo menos cinco anos, violando a legislação europeia e afetando assim o negócio espanhol de imprensa digital, que não cumpriu as regras e foi forçado a competir em desvantagem.

A decisão, proferida em 19 de novembro, atendeu parcialmente à exigência da mídia. O juiz conclui que a Meta, abusando da sua posição dominante, processou enormes quantidades de dados para oferecer publicidade personalizada aos seus utilizadores sem o seu consentimento, conforme exigido pelo Regulamento Europeu de Proteção de Dados. O montante da compensação calculado a partir do negócio esperado para a Meta em Espanha é, de facto, uma parcela insignificante para uma empresa multinacional cuja capitalização bolsista excede o PIB da maioria dos países do mundo. Só no ano passado, a empresa americana faturou US$ 164,501 milhões e lucro de US$ 62,360 milhões.

A decisão ainda não é definitiva e a Meta já anunciou a sua intenção de recorrer ao tribunal provincial de Madrid, mas representa um poderoso impulso a favor da imprensa num momento chave para um setor que sofre há anos com um turbulento mercado digital marcado pelo oligopólio das grandes plataformas tecnológicas. Abre também um caminho de esperança para os meios de comunicação social, que, imersos na grande transformação digital, muitas vezes testemunham impotentes os abusos contínuos de gigantes tecnológicos agressivos que não só evitam cumprir a lei, mas também pagam impostos em paraísos fiscais sem investir ou assumir um compromisso com a sociedade em que operam, para não falar que promovem a desinformação através de algoritmos opacos, como condenaram inúmeros especialistas. A decisão, reconhecendo a falta de escrúpulos do gigante tecnológico, representa uma vitória jurídica histórica para a liberdade de imprensa e a democracia que poderá abrir um precedente para futuros processos judiciais.