A cúpula COP30 no Brasil foi prorrogada porque representantes de 200 países participantes não conseguiram chegar a um acordo para fortalecer os esforços climáticos internacionais.
Há um debate intenso sobre se a cimeira deveria apoiar um plano para eliminar gradualmente o carvão, o petróleo e o gás.
Mais de 80 países estão a fazer campanha para o desenvolvimento de um plano para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, mas há uma resistência considerável, especialmente por parte dos países produtores de petróleo.
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As negociações continuarão.
“Esta não pode ser uma agenda que nos divide”, disse o presidente da COP30, André Corrêa do Lago, aos delegados numa sessão plenária pública da conferência antes de os libertar para continuarem as negociações.
“Devemos chegar a um acordo entre nós.”
A divergência sobre o futuro do petróleo, do gás e do carvão sublinhou as dificuldades em chegar a um acordo de consenso na conferência anual, que serve como um teste perene à determinação global para evitar os piores efeitos do aquecimento global.
Um projecto de texto para um acordo que foi publicado antes do amanhecer pelo Brasil, anfitrião da cimeira, não continha qualquer referência aos combustíveis fósseis, descartando completamente uma série de opções sobre a questão que tinham sido incluídas numa versão anterior.

Dezenas de países, incluindo os principais países produtores de petróleo e gás, consideraram as opções inaceitáveis.
O negociador do Panamá, Juan Carlos Monterrey, disse numa conferência de imprensa antes do plenário na manhã de sexta-feira que deixar os combustíveis fósseis fora do acordo COP30 corria o risco de transformar as negociações num “show de palhaços”.
“Não nomear as causas da crise climática não é um compromisso. É uma negação”, disse ele.
As cimeiras anteriores da COP ultrapassaram os seus prazos antes de finalmente chegarem a um compromisso.
Um texto de acordo necessitaria da aprovação por consenso dos quase 200 países presentes para ser adotado.
Os Estados Unidos recusaram-se a enviar uma delegação oficial este ano sob o comando do presidente Donald Trump, que chamou o aquecimento global de uma farsa.
Corrêa do Lago disse que a saída da maior economia do mundo significa que a união em torno da COP30 é crucial para garantir a sobrevivência do processo multilateral: “O mundo está observando”.
Durante dias, os países discutiram sobre o futuro dos combustíveis fósseis, cuja queima emite gases com efeito de estufa que os cientistas dizem ser de longe o maior contribuinte para as alterações climáticas.
Dezenas de membros têm pressionado arduamente por um “roteiro” que defina como os países devem cumprir a promessa feita na COP28, há dois anos, de se afastarem do petróleo, do gás e do carvão.
O Comissário do Clima da União Europeia, Wopke Hoekstra, disse num comunicado durante consultas na sexta-feira que a questão era importante para desenvolver compromissos anteriores para reduzir as emissões.
“Precisamos garantir que a mudança dos combustíveis fósseis para a energia limpa seja real e refletida no texto”, disse ele.
Um negociador brasileiro disse à Reuters que era improvável que a linguagem dos combustíveis fósseis fosse reintroduzida e que a presidência da cimeira estava a pressionar para que apenas pequenos ajustes fossem feitos ao projecto existente.
– Com DPA