Há menos apartamentos turísticos em Madrid do que neste verão. A Câmara Municipal de Madrid, liderada por José Luis Martínez-Almeida (PP), publicou terça-feira dados obtidos na plataforma Inside Airbnb, que recolhe o número de anúncios na rede e mostra que de julho até ao presente o número de habitações deste tipo diminuiu de 16.959 para 14.297. Segundo a equipa de Martínez-Almeida, a razão para tal é a aprovação do Plano RESIDE, que, entre outras coisas, proíbe a colocação deste tipo de habitação em edifícios do centro da capital onde também vivam vizinhos. O que esta nova portaria não faz é impor novas medidas disciplinares numa cidade onde mais de 90% destas casas funcionam ilegalmente, fora de qualquer controlo administrativo.
A equipa de Almeida defende a tese de que por detrás deste fenómeno desgentrificação São “inúmeras” medidas do autarca. Em particular, valorizam o plano RESIDE porque, dizem, “protege a utilização de habitação habitual e desloca apartamentos turísticos de edifícios residenciais”, afirmam. “A Câmara Municipal não emite licenças para alojamentos turísticos dispersos em edifícios residenciais do centro histórico”, explicam.
Embora a Câmara Municipal tenha reforçado os critérios para a concessão de autorização aos proprietários para converterem as suas casas em apartamentos turísticos, isso nunca foi um problema para quem o pretende fazer à margem da lei. No ano passado, a Câmara Municipal impôs um total de 94 sanções. Dos quase 17.000 apartamentos de férias em Madrid em Julho, apenas pouco mais de 1.000 estavam licenciados.
Por isso, a oposição municipal acredita que o autarca está empenhado num “autoengrandecimento” e tenta levar o crédito pela desocupação de casas anteriormente ocupadas por turistas. O PSOE diz que, em primeiro lugar, a tendência de diminuição do número de apartamentos de férias em Madrid começou em julho, o que a Câmara Municipal confirmou no seu próprio comunicado, enquanto o plano RESIDE só entrou em vigor no dia 4 de setembro.
Por outro lado, os socialistas lembram que foi em julho que o Ministério do Consumidor Pablo Bustinduy (Zumar) aprovou a Janela Única Digital de Arrendamento e chegou a acordo com a plataforma de aluguer por temporada Airbnb para que apenas pudessem ser publicitados apartamentos que aí estivessem previamente registados. Ou seja, quem não tinha licença e, portanto, código de registro não poderia fazer propaganda. “São muitas coincidências”, zombam no PSOE. “O ministro vem fazendo há meses o trabalho que a Câmara Municipal deveria ter feito”, acrescenta Eduardo Rubinho, representante interino do Mas Madrid.
Por seu lado, lembram também que, apesar desta quebra, existem atualmente “cerca de 11 mil” mais apartamentos turísticos do que em 2019, quando Martínez-Almeida se tornou presidente da Câmara de Madrid. Criticam que nestes seis anos o governo não fez “absolutamente nada” para reverter o fenómeno e que ainda existem mais de 14 mil apartamentos na cidade. “Não há o que comemorar”, diz Rubinho.