novembro 26, 2025
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O Ministério do Consumidor anunciou nesta quarta-feira que retirará alimentos ultraprocessados ​​dos cardápios oferecidos a crianças e adolescentes internados em hospitais. “Que não haja controle desses alimentos, com evidências tão extensas de seus impactos, é incompreensível”, disse Pablo Bustinduy, ministro dos direitos sociais, do consumo e da Agenda 2030. A afirmação foi feita durante a apresentação Plano para acelerar a luta contra a obesidadeorganizado pelo Ministério da Saúde e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nesta quarta-feira. Este veto aos alimentos ultraprocessados ​​será incluído num Real Decreto que visa garantir a alimentação saudável em hospitais e lares de idosos. Porém, o Ministério lembra que será preservada a autonomia do paciente que desejar consumir esses produtos.

O texto em que o Consumo está trabalhando também limitará os alimentos ultraprocessados ​​incluídos nos cardápios infantis dos refeitórios e cantinas abertas ao público nesses centros. As regras seguirão, portanto, o Real Decreto sobre Cantinas Escolares Saudáveis ​​e Sustentáveis, que o governo aprovou em abril de 2025 e que exige que as refeições nas escolas e instituições cumpram as recomendações sanitárias de organizações científicas como a OMS ou a Agência Governamental de Segurança Alimentar e Nutrição (AESAN).

Alimentos ultraprocessados ​​encheram nossas geladeiras nos últimos 20 anos. Assim, de acordo com uma série de revisões científicas publicadas em revista científica, sua participação na dieta alimentar aumentou de 11% para 32%. Lanceta 19 de Novembro. O texto também salienta como este paradigma alimentar, “impulsionado pelo lucro empresarial e não pela nutrição ou pela sustentabilidade”, está a minar a saúde global e apela aos governos para que tomem medidas.

A medida anunciada por Bustinduy (Sumar) vai nesse sentido, pois estabelece critérios mínimos de qualidade nutricional e de sustentabilidade que regem a contratação, aquisição e fornecimento de produtos alimentares e bebidas oferecidos em hospitais e lares de idosos. Na seção Consumo, indicaram que os alimentos ultraprocessados ​​que seriam restritos seriam “alimentos complexos formulados industrialmente, com ingredientes transformados, aditivos e perfil nutricional rico em gordura saturada, açúcar ou sal”, como é o caso de bebidas açucaradas, alguns salgadinhos ou assados ​​e biscoitos industriais.

“Esta resolução é uma resposta ao clamor público, bem como da comunidade científica, bem como às inúmeras queixas apresentadas tanto por cidadãos como por actores sociais e grupos profissionais”, disse o Ministro Bustinduy.

Além disso, sublinhou que o sector público deve liderar a transição para um ambiente alimentar saudável e que o seu ministério será “um pioneiro quando se trata de acção nesta área”, como afirma a OMS. “O aumento do consumo de alimentos representa uma ameaça sistemática à saúde pública, à equidade e à sustentabilidade ambiental”, acrescentou, “e os governos têm a responsabilidade de criar um ambiente onde a tomada de decisões saudáveis ​​seja fácil e acessível”.

Organizações internacionais como a já mencionada OMS ou a UNICEF apelaram urgentemente aos governos para que parem o aumento do consumo de alimentos ultraprocessados. Eles enfatizam que preencher as dietas com esses alimentos representa uma “ameaça sistêmica à saúde, à equidade e ao bem-estar das crianças”.

Pesquisa publicada Lanceta Liga o consumo habitual a um maior risco de obesidade, diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e mortalidade prematura, e aponta para uma mudança acelerada nos padrões alimentares saudáveis, incluindo a dieta mediterrânica, para padrões dominados por alimentos altamente processados. Alguns países mediterrânicos, como Itália, Grécia ou Portugal, conseguiram manter o consumo de alimentos ultraprocessados ​​abaixo dos 25%. Isto não se aplica a Espanha, onde excede 30%.

Tanto a OMS como a UNICEF apelaram a “políticas ambiciosas e regulamentações mais rigorosas” para criar um ambiente alimentar saudável. Hospitais e centros médicos, além de escolas e centros educativos, são áreas prioritárias para a implementação de medidas.

“As evidências científicas disponíveis são suficientes e justificam a tomada de medidas urgentes e decisivas para acabar com o consumo destes produtos e melhorar a saúde pública”, explicou Mayra Bes Rastrollo, professora de medicina preventiva e saúde pública na Universidade de Navarra e coautora do estudo. Lanceta em artigo no EL PAIS.

A meta-análise, que comparou dados de mais de 36 países através de uma revisão de 104 estudos publicados entre 2016 e 2024, “mostra que algumas das principais doenças crónicas que afetam a vida moderna estão associadas ao elevado consumo de alimentos ultraprocessados”, afirmou Jules Griffin, diretor do Instituto Rowett da Universidade de Aberdeen, numa declaração ao portal de ciência SMC.

O relatório faz repetidamente comparações com a indústria do tabaco, referindo-se a quando as empresas transformadoras tentaram suprimir as provas científicas contra elas em meados do século passado, com base na pressão de marketing e de lobbying. O mesmo acontecerá agora, explicam os cientistas, que apontam diretamente para o punhado de fabricantes que dominam o mercado, empresas como Nestlé, PepsiCo, Danone, Ferrero, Kraft Heinz e Coca-Cola.