O ditador russo Vladimir Putin emitiu um aviso severo à Ucrânia, exigindo que a nação devastada pela guerra retirasse as suas tropas da região de Donbass, no leste do país, poucos dias antes de uma delegação dos EUA chegar a Moscovo para conversações de paz críticas destinadas a pôr fim ao conflito brutal.
Falando aos jornalistas na quinta-feira, o líder russo apresentou o seu ultimato intransigente: “As tropas ucranianas retirar-se-ão dos territórios que ocupam e então os combates cessarão”.
Putin acrescentou ameaçadoramente: “Se eles não se retirarem, conseguiremos isso pela força militar”, conforme noticiado pelo Kyiv Independent.
Ocupação ilegal de territórios ucranianos pela Rússia
Moscovo ocupa ilegalmente as províncias orientais da Ucrânia de Donetsk, Kherson, Luhansk e Zaporizhzhia desde Setembro de 2022, na sequência de referendos falsos nesses territórios. O Donbass, também conhecido como “Bacia de Carvão de Donets”, é uma região fortemente industrializada que compreende as províncias de Donetsk e Luhansk.
Delegação dos EUA enfrenta pressão em meio a polêmica sobre ligações vazadas
Putin confirmou que uma delegação dos EUA liderada pelo enviado especial Steve Witkoff deverá viajar para a capital russa no início da próxima semana.
No entanto, Witkoff foi criticado depois que uma ligação vazada supostamente o pegou treinando um oficial russo sobre como conquistar o presidente Trump com bajulação durante as negociações de paz.
Na quinta-feira, Putin afirmou que os responsáveis pelo vazamento da ligação entre Witkoff e o conselheiro do Kremlin, Yuri Ushakov, poderiam enfrentar acusações criminais, ao mesmo tempo que sugeriu que o vazamento poderia ser uma farsa.
Ele acusou aqueles que visavam Witkoff de tentarem sabotar as negociações e de quererem “lutar até o último ucraniano”, como o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky.
O reconhecimento do domínio russo é um ponto chave nas negociações com os EUA.
Putin enfatizou que o reconhecimento do domínio russo sobre Donbass e a Crimeia (uma península no sul da Ucrânia ocupada ilegalmente pela Rússia desde 2014) é um ponto crucial nas próximas negociações com os Estados Unidos. Ele também descartou a assinatura de quaisquer outros documentos com a Ucrânia, chamando o governo de Zelensky de ilegítimo para o adiamento das eleições em meio ao conflito em curso.
De acordo com a lei marcial da Ucrânia, declarada no início da invasão russa em 2022, a realização de eleições é estritamente proibida. Putin revelou que após as conversações o plano de paz foi dividido em quatro partes, mas não deu mais detalhes. Ele acrescentou que o plano de paz dos EUA ainda requer mais discussão.
Plano de paz de 28 pontos de Trump enfrenta rejeição
Os últimos desenvolvimentos surgem na sequência do presidente Trump ter revelado na semana passada um plano de paz de 28 pontos para a Ucrânia, que incluía condições controversas como a limitação do tamanho das forças armadas da Ucrânia, a proibição da adesão à NATO e a retirada da Ucrânia do Donbass. Depois de enfrentar forte oposição das delegações ucraniana e europeia, uma versão revista do plano foi elaborada na Suíça no domingo.
Enquanto o mundo observa com a respiração suspensa, o destino da Ucrânia está em jogo, enquanto a delegação dos EUA se prepara para se envolver em negociações de alto risco com o regime russo, na esperança de encontrar um caminho para a paz no meio das exigências incansáveis de Putin e da ameaça sempre presente de escalada militar.