O presidente do BBVA, Carlos Torres Vila, aproveitou o fórum Gran Vía, organizado no salão BBK, para destacar que Euskadi é hoje um “território estratégico” para a organização. Disse isto perante mais de 250 participantes e depois de recordar que o banco concentra uma parte importante do seu desenvolvimento na área da ciência de dados e inteligência artificial em Bilbau, aposta que se reflecte em centros como BBVA Technology ou Spark. Dois números importantes: mais de 300 engenheiros no centro tecnológico e crescimento de 40% do quadro de funcionários a partir de 2021.
Apesar do tom optimista, Torres ainda evitou dar a chave para a competitividade futura do território. Entre menções ao dinamismo industrial e ao empreendedorismo local – “Bilbao nasceu banco e continua a ser tecnologia” – deixou em aberto a questão: que factor específico determinará o ritmo económico de Euskadi nos próximos dois anos?
BBVA fortalece Bilbao como pólo tecnológico, alertando para problemas estruturais
| Variável | Valor | Data | Fonte |
|---|---|---|---|
| Funcionários do BBVA em Euskadi | 1.500 funcionários | 2025 | BBVA |
| Crescimento do PIB basco | 2,3–2,4% | Fechando 2025 | Previsão de pesquisa do BBVA |
Informações importantes que Torres revelou
A partir daí, Torres revelou o elemento que determina o progresso económico: a demografia. O presidente do banco alertou que a perda de população de Euskadi estava a abrandar o seu potencial de crescimento. “Esta é uma área que começa com boa tecnologia, mas tem um problema claro: a população está a diminuir mais do que outras regiões”, disse ele. Este declínio reduz a produtividade, limita a base de trabalho e reduz o tamanho da economia.
A observação não é insignificante. Segundo o INE, a população basca enfrenta uma década de estagnação e o Eurostat já prevê que em 2030 a região será uma das mais antigas da Europa. Um especialista do Banco de Espanha resumiu num relatório de 2024: “A demografia determina mais a produtividade do que a automação nas regiões maduras”.
Bilbao como inteligência artificial e acelerador quântico
O facto é que o BBVA continua a expandir a sua presença tecnológica. O centro tecnológico do BBVA emprega agora mais de 300 pessoas e a Spark trabalha com a Torre BAT com startups que procuram financiamento para projetos climáticos e de dados. Este compromisso é consistente com a ambição regional de transformar Vizcaya num hub quântico, uma área em que já colaboram através de Banks on Quantum Days.
A cena lembra as linhas de bonde matinais em Abando, com jovens talentos se misturando a engenheiros veteranos. Torres colocou desta forma: “Não podemos avançar sozinhos; precisamos de empresas, universidades e institutos”. E a presença do Conselho Provincial, do governo basco e de representantes empresariais deixou claro que a cooperação público-privada está viva e bem.
O que isto significa para a economia basca?
- Mais emprego tecnológico: Isto é confirmado por um aumento de 40% no pessoal em quatro anos.
- Aumentar o investimento em IA para finanças: de algoritmos de risco a modelos preditivos.
- Crescimento sólido do PIB, mas inferior ao de Espanha: 2,3–2,4% em comparação com 3% a nível nacional.
- Risco demográfico real: Menos população significa menos oferta de trabalho e menos actividade económica.
Produtividade – o segundo desafio silencioso
Torres insistiu que Euskadi, tal como a Espanha, deve melhorar a produtividade. Citou exemplos quotidianos: fábricas que continuam a operar com processos herdados há vinte anos, ou pequenas PME que ainda não medem os seus custos de energia em tempo real. O Banco de Espanha já alertou em Junho de 2024 que a produtividade do trabalho em Espanha estava a crescer “a um ritmo insuficiente para apoiar o crescimento salarial sem tensões inflacionistas”. Esta citação, curta mas poderosa, está inteiramente de acordo com o pensamento do Presidente do BBVA.
O BBVA Spark, por sua vez, pretende preencher esta lacuna ajudando as startups locais a obter acesso ao capital de risco e a crescer mais rapidamente. E a Cimeira de Tecnologia Energética, realizada pela terceira vez em 2026, pretende transformar Bilbao numa exposição internacional de tecnologia climática.
Território estratégico com dupla velocidade
A foto deixada pelo Fórum Gran Vía é polêmica. Por um lado, Bilbao reúne um centro tecnológico de alto nível, apoiado pela ciência de dados, inteligência artificial e tecnologias quânticas. Por outro lado, a demografia e a produtividade podem tornar-se um obstáculo se não forem corrigidas a tempo. A equação é clara: aumento da inovação, diminuição da população.
Entretanto, o BBVA continua a expandir os serviços aos seus 500.000 clientes em Euskadi, incluindo quase 20.000 empresas e cerca de 4.000 pequenas e médias empresas. Existem razões que Torres acredita que justificarão o banco continuar a ver o Euskadi como uma “plataforma chave” para a próxima década.
Não se sabe agora se o território será capaz de acelerar a sua estrutura de força de trabalho para absorver o próximo crescimento tecnológico. Existe talento suficiente? O desempenho será responsivo? As respostas, disse Torres, dependerão da colaboração entre instituições, empresas e sociedade.