dezembro 2, 2025
1f579455-e282-476e-8786-3bee4723a794_facebook-watermarked-aspect-ratio_default_0.jpg

A “bateria social” tornou-se a metáfora perfeita para descrever o cansaço que sentimos depois de sermos expostos a muitos estímulos sociais e querermos ficar sozinhos. Mas memes à parte, a psicóloga clínica do Centro de Psicologia Luz Maria Peña explica que não há nada com que se preocupar e que é “um sinal do nosso corpo que nos diz que precisamos de espaço para recuperar ou equilibrar as nossas necessidades sociais e pessoais”.

Segundo Peña, o facto de termos uma bateria social maior ou menor não depende da personalidade ou das capacidades sociais de cada um de nós, mas é explicado por uma variedade de factores internos e externos.

“Por um lado, pode haver um certo nível de exigência emocional que as interações exigem: por exemplo, conversas em que temos que prestar muita atenção ao que dizemos, gerir conflitos ou apoiar emocionalmente os outros tendem a cansar-nos mais”, afirma a psicóloga.

“Outros fatores como estresse geral, falta de descanso, superestimulação ou sensação de falta de autenticidade também entram em jogo; quando agimos de forma muito controlada ou não nos sentimos à vontade para sermos nós mesmos, o esforço necessário para essa interação exige muita energia”, explica.

“Em contrapartida, espaços onde nos sentimos seguros, compreendidos e sem julgamentos tendem a esgotar menos ou até recarregar nossa bateria social porque criam calma, conexão e prazer, mesmo que a interação seja mais longa ou envolva várias pessoas”, rebate a especialista.

Esses motivos nos obrigam a buscar estratégias reais para cuidar de nossa bateria social:

  • Procure interações nutritivas: Diante dessa sensação de saciedade, diz a especialista, “estar com alguém que nos acalma ou nos faz rir pode ser restaurador, assim como buscar atividades que não envolvam interação, dependendo de como estamos nos sentindo”. É por isso que é importante saber quais tipos de relacionamentos nos energizam e quais nos esgotam.
  • Momentos alternativos de solidão: “Podemos precisar de silêncio em determinados momentos, e às vezes pode ajudar ter contato com pessoas que nos fazem sentir seguros”, diz Peña, que se esforça para encontrar esse equilíbrio.
  • Cuidar do descanso físico e mental: Esta é outra chave, pois “afeta diretamente a capacidade de comunicação”, enfatiza o especialista.
  • Reorientar a ideia de comunicação: A psicóloga enfatiza o valor de “aproximar-se de espaços que sejam verdadeiramente gratificantes e agradáveis, em vez de movidos por obrigações ou pressões sociais”.

“O mais importante é ouvir o seu corpo e os sinais emocionais que ele nos dá. Se nos sentirmos saciados, talvez precisemos parar e encontrar um lugar de descanso para nos regularmos, embora isso não signifique nos isolar”, recomenda Pena.

A psicóloga destaca ainda a importância de discernir “se o cansaço é emocional e por isso precisamos parar, ou um empurrãozinho pode nos ajudar a quebrar a inércia do isolamento se soubermos que o contato nos beneficiará mais tarde”. “O mais saudável é ouvir a si mesmo”, finaliza.