O processo entre Christian Nodal e Universal Music continua. A gravadora entrou com um recurso junto ao Centro Federal de Justiça Criminal da Cidade do México depois de decidir a favor de um artista regional mexicano sob a acusação de suposta fraude contratual. Christian Nodal travou brevemente sua primeira batalha judicial com a Universal no dia 19 de novembro, quando foi ao Centro de Justiça, localizado próximo ao presídio do Oriente, acompanhado de seus pais, Jesus Jaime Gonzalez Terrazas e Silvia Cristina Nodal Jimenez: os três são acusados de falsificar documentos em apoio a uma ação civil movida contra a gravadora em 2021, na qual o Sonora reivindica direitos sobre 50 músicas. A disputa começou depois que o artista decidiu assinar contrato com a Sony Music naquele mesmo ano e não renovar o contrato com a Universal.
No dia 1 de dezembro deste ano, os advogados da parte acusadora e da Procuradoria-Geral da República (FGR) decidiram continuar o ataque jurídico. “A autoridade jurisdicional no processo penal nº 497/2025 recebeu novos aprimoramentos processuais relacionados ao andamento do processo. Dentre eles, o que se destaca é que tanto a FGR quanto o advogado particular do lesado interpuseram recurso de apelação contra a ordem proferida em 19 de novembro de 2025 pela juíza federal Diana Selene Medina Hernandez”, diz o comunicado. Tanto Nodal quanto seus pais têm três dias para dar uma resposta oficial.
Origem da disputa
Christian Nodal tinha 17 anos quando assinou com a Universal Music em 2017. Desde menor, seus pais eram seus representantes legais. Em 2021, o artista e sua família entraram com uma ação civil contra o Universal Music Grupo México depois de não conseguirem chegar a um acordo para renovar ou rescindir o contrato que ele assinou com eles quatro anos antes. Ao mesmo tempo, enquanto os dois lados tentavam chegar a um acordo, Nodal realizou vários duetos – com Banda MS e Belinda, para citar alguns – e a Universal pediu à Associação Mexicana de Produtores de Fonogramas e Videogramas que vetasse o artista. A organização pediu às empresas e artistas que “absterem-se de contratar, divulgar, produzir, distribuir, comercializar, usar e/ou vender as obras de áudio do cantor”.
Depois disso, Nodal recebeu proteção e esclareceu a situação por meio de um vídeo ao vivo transmitido em sua conta no Instagram. “Algo maluco está acontecendo. Muitos fãs estão preocupados com o que dizem sobre mim. Quero manter todos calmos e me ajudar a divulgar esse vídeo porque é impossível para eles continuarem a forçar esse tipo de escravidão de artistas às gravadoras”, disse o cantor.
No processo de 2021, os Nodals reivindicaram os direitos de 50 músicas. No entanto, em 2024, a Universal Music rebateu o artista por quebra de contrato e danos. Segundo este jornal, o representante legal da gravadora Universal Music, Ulrich Richter Morales, pediu à FGR que iniciasse um processo após identificar irregularidades e inconsistências em mais de 30 documentos fornecidos pela família Nodal: papéis e assinaturas falsas nas quais a Universal supostamente cedeu os direitos ao cantor regional mexicano.
Richter Morales explicou em entrevista à Radioformula em outubro de 2025 que o acordo original estipulava que o intérprete das músicas seria uma pessoa de Sonora, e a dona das obras seria a gravadora. Acrescentou ainda que se os direitos tivessem sido transferidos para o artista, este teria recebido cerca de 30 milhões de pesos em royalties, dinheiro que a equipa jurídica de Nodal afirma ter sido recebido em dinheiro. “Neste assunto, que é muito delicado, vemos transações suspeitas. Há um acúmulo de atividades ilegais. Se os contratos forem verdadeiros, então você cometeu uma mistura de transações suspeitas”, disse o advogado.
Em novembro de 2025, quando Nodal se dirigiu à mídia após uma audiência de quase 20 horas, ele disse: “Assim como o advogado teve a oportunidade de dizer que havia 33 documentos falsos e que eles falsificaram assinaturas, (quero) dizer-lhe que o juiz já decidiu que não há ligação, não há sequer um único pedaço de papel que prove que falsificámos algum documento”.
Posteriormente, a FGR emitiu um comunicado no qual explicava que a juíza não absolveu nem o artista nem a sua família, “simplesmente determinou que houvesse outro julgamento de natureza cível, sendo necessário aguardar o seu resultado para que o processo criminal continuasse ou não”, refere.