novembro 15, 2025
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O Tesouro convocou para a próxima segunda-feira, ao meio-dia, o Conselho Fiscal e de Política Fiscal (CPFF), órgão que reúne governo e comunidades. O objetivo do departamento, liderado por María Jesús Montero, na reunião é informar as autonomias sobre a sua proposta de distribuição do défice entre as diversas administrações públicas e, por sua vez, trocar opiniões sobre a situação do financiamento regional e a sua possível reforma. Esta nomeação é um dos passos anteriores e importantes antes de o poder executivo aprovar em Conselho de Ministros o teto da despesa e a trajetória orçamental – dois pilares em que assenta a preparação do Orçamento Geral do Estado para 2026.

Segundo fontes do Tesouro e das autarquias, o encontro irá apreciar as propostas do ministério sobre os objectivos de garantir a estabilidade do orçamento e da dívida pública das autonomias para o período 2026-2028. A agenda também inclui uma atualização sobre o estado da reforma do sistema de financiamento regional, embora fontes ministeriais insistam que não haverá proposta fechada.

Com esta convocação, o Tesouro busca agilizar o processo orçamentário, que vem acumulando um notável atraso em relação ao calendário legal. A Constituição exige que os projetos de relatórios sejam apresentados até 1 de outubro, mas pelo terceiro ano consecutivo o governo não cumpriu esse prazo e abre a porta a outra possível prorrogação dos relatórios de 2023, o último dos quais foi divulgado.

A distribuição do défice é uma questão particularmente sensível tanto para o executivo central como para os governos regionais, a maior parte dos quais está nas mãos do PN. Todos os anos, os quatro subsetores que compõem a administração pública – a administração central, as comunidades autónomas, as entidades locais e o serviço de segurança social – devem cumprir restrições financeiras, que no seu conjunto constituem o défice do governo.

No ano passado, no quadro 2025-2027, o Tesouro propôs uma dotação que conferia à Administração Central um desequilíbrio de 2,2%, 1,8% e 1,5% para cada um dos três anos. O défice da segurança social era de 0,2% ao ano, enquanto as comunidades autónomas poderiam atingir um défice de 0,1%. Para fechar o círculo, as organizações locais terão de avançar no sentido de orçamentos equilibrados ou de défices zero. A meta era atingir as metas vermelhas agregadas de 2,5%, 2,1% e 1,8% do PIB, respectivamente. Então essa proposta não foi votada no Congresso, onde PP, Vox e Jants, por diversos motivos, atuaram como uma frente comum.

No papel, o governo leva vantagem no CPFF, já que o Tesouro só precisa de um voto de pelo menos autonomia para implementar sua proposta, independentemente do que acontecer depois nas Cortes. No entanto, a reunião deverá ser tensa devido à previsível oposição das comunidades do PP e ao precedente que estabeleceram há vários meses, quando ocuparam o cargo de Ministro Montero na última reunião convocada para discutir a redução parcial da dívida regional.