Dizem que no futebol o protagonista deveria ser a bola. Mas Donald Trump é sempre o centro das atenções onde quer que vá, e o sorteio da Copa do Mundo desta sexta-feira, em Washington, não será exceção. E talvez isso importe mais do que nunca em … evento esportivo. A FIFA havia projetado uma cerimônia especialmente para ele com o propósito explícito de entretê-lo, desde a programação de um conjunto de suas canções fetichistas na campanha – o Village People e seu “YMCA” – até a possibilidade certa de que ele saísse do sorteio com o “troféu da paz” na mão.
Era algo esperado. Os esforços do presidente da FIFA, Gianni Infantino, para agradar ao presidente dos EUA foram evidentes e finalmente concretizados numa cerimónia no Kennedy Center, o grande centro cultural de Washington. Aqui já está tudo preparado, inclusive a presença da taça ouro da Copa do Mundo, sorteio que vai definir a composição de doze grupos de quatro seleções e dar uma ideia de qual caminho cada país seguirá na competição.
Infantino tem procurado estabelecer uma relação estreita com Trump, o que alguns consideram uma violação da suposta neutralidade política da FIFA. O chefão do futebol visitou a Casa Branca várias vezes, trazendo a Trump uma réplica do troféu e enchendo-o de elogios sempre que pôde. Ele até participou numa conferência no Egipto sobre o acordo de paz de Gaza.
Trump respondeu com entusiasmo. Ele entrou no torneio sabendo que era o maior evento do mundo e que lhe traria ainda mais atenção. Ele estava na caixa para a nova versão do Mundial de Clubes na final em Nova Jersey.
Trump fez as pessoas falarem naquele dia: ele entrou em campo para comemorar o campeão do Chelsea. E ele provavelmente fará isso novamente nesta sexta-feira. Talvez seja porque ele faz sua famosa dança “YMCA” (algumas estrelas do futebol universitário o imitam quando marcam um touchdown), a mesma que ele usa para encerrar suas jogadas. Ou talvez seja porque ele está saindo do Kennedy Center com um prêmio.
No início do mês passado, a FIFA anunciou que a primeira edição do seu “Prêmio da Paz” Suspeitamente, isto ocorreu mesmo no meio de um debate sobre se Trump merecia o Prémio Nobel da Paz, depois de ter promovido um cessar-fogo e a libertação de reféns na Faixa de Gaza.
“Você verá”foi a resposta enigmática que Infantino deu quando questionado se o prêmio iria para Trump. Qualquer outra possibilidade seria uma irritação intolerável para o Presidente dos Estados Unidos.
Segundo Campeonato Mundial nos EUA.
A Fifa decidiu fazer do sorteio um alerta para uma segunda Copa do Mundo nos Estados Unidos, onde o futebol cresceu dramaticamente desde que foi realizado em 1994, mas permanece distante de outros esportes. Mas para atrair o interesse de quem não sabe chutar a bola, o sorteio contará com craques de outros esportes: Tom Brady, o melhor jogador da história do futebol universitário; Wayne Gretzky, seu equivalente no hóquei; Aaron Judge, três vezes MVP do beisebol, incluindo as duas últimas temporadas; e Shaquille O'Neal, lenda da NBA.
Entre eles estará uma legião de figuras do futebol desconhecidas pela grande maioria dos Estados Unidos, entre as quais, esperamos, muitas permanecerão – Lionel Messi e Cristiano Ronaldo. A delegação oficial espanhola será liderada pelo técnico Luis de la Fuente; o presidente da Federação, Rafael Luzan; e o diretor esportivo Aitor Karanka. Todos os três podem andar pelas ruas de Washington sem problemas.
A seleção espanhola no sorteio será Luis de la Fuente, Rafael Luzan e Aitor Karanka.
O completo oposto dos anfitriões da cerimônia: o comediante americano Kevin Hart, Modelo alemã Heidi Klum e o ator mexicano-colombiano-americano Danny Ramirez. Junto com eles estarão números musicais: o tenor italiano Andrea Bocelli – outro favorito de Trump – e um dueto entre Robbie Williams e Nicole Scherzinger. E tudo isso antes que os moradores concluam a cerimônia com o YMCA. Vamos ver se Trump vai dançar no palco, como fez em janeiro passado na festa de posse.