O escritor franco-argelino Boualem Sansal foi perdoado e será libertado da prisão, informou o gabinete presidencial argelino num comunicado divulgado na quarta-feira.
A medida, que significará que Sansal pode ser transferido para a Alemanha para tratamento médico, surge depois de o presidente alemão Frank-Walter Steinmeier ter instado a Argélia a libertar Sansal.
“O Presidente da República decidiu responder positivamente ao pedido do estimado Presidente da amiga República Federal da Alemanha”, afirma o comunicado argelino, divulgado quarta-feira.
O presidente argelino, Abdelmadjid Tebboune, já havia rejeitado os pedidos franceses de perdão a Sansal devido à sua idade avançada e problemas de saúde. Sansal, 81 anos, sofre de câncer de próstata.
Sansal, um crítico ferrenho do regime argelino, foi detido no aeroporto de Argel em Novembro do ano passado e condenado a cinco anos de prisão em Março, acusado de minar a unidade nacional. A sua prisão ocorreu pouco depois de comentar numa entrevista que a França tinha cedido injustamente território marroquino à Argélia durante a época colonial.
As relações entre Paris e Argel deterioraram-se acentuadamente desde que Macron apoiou a soberania marroquina sobre o Sahara Ocidental em 2024, e tem havido sugestões de que o escritor estava a ser mantido como refém político devido à deterioração das relações entre os dois países.
O presidente francês, Emmanuel Macron, chegou ao ponto de dizer que a Argélia estava a “desonrar-se” ao prender o escritor.
Ao entregar Sansal à Alemanha, o governo argelino encontrou uma forma de sair do confronto diplomático com o seu antigo colonizador sem perder prestígio político. O próprio Tebboune foi tratado num hospital na Alemanha depois de adoecer com Covid-19 em 2020.
Na segunda-feira, Steinmeier disse que perdoar Sansal seria “uma expressão de sentimento humanitário e visão política”, reflectindo a sua “relação pessoal de um ano com o Presidente Tebboune e as boas relações entre os nossos países”.
Nos últimos meses, vários autores internacionais, incluindo Salman Rushdie, Annie Ernaux e Wole Soyinka, pediram a libertação do autor nascido na Argélia.