Você já ouviu falar Erich Heberlein? E de Sequestro da Gestapo ocorrido em Toledo em junho de 1944.A polícia secreta da Alemanha nazista? Jornalista do jornal La Tribuna de Toledo Martha Thomé … foi lançado com o nome “Objetivo de Heberlein”um sequestro realizado pelo regime de Adolf Hitler na cidade das três culturas, no coração da Espanha franquista.
— Como surgiu a ideia da Objectiva Heberlein?
“Eu não tinha ouvido falar dele até que seu nome apareceu num artigo sobre uma conspiração da Gestapo em Toledo. “Em Toledo? Gestapo? Ele veio aqui? Eu não entendi nada. Aí perguntei ao avô do meu marido, que trabalhou aqui a vida toda, e ele me disse que morava em Casco, em Corredorscillo de San Bartolome. Fiquei curioso e folheei vários livros, mas era sempre a mesma coisa: ele foi sequestrado por desobedecer ao regime de Hitler. A Gestapo chega a Toledo, você é sequestrado, enviado para campos de concentração e ninguém pensa em escrever sobre isso? Então conheci a sobrinha-neta de Heberlein, que me emprestou os documentos, e juntei toda a história.
— O que realmente serviu de motivo para o seu sequestro?
– Desobediência. Foi diplomata da Embaixada da Alemanha em Madrid, muito importante na política interna espanhola durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, no final das contas ele não gostou do regime nazista, embora tenha trabalhado na administração nazista. Quando voltou para a Alemanha e viu o que estava acontecendo, disse que não ficaria lá. Regressou então a Espanha em licença médica e, embora a Alemanha lhe tenha pedido várias vezes para regressar ao ministério, ele decidiu não regressar.
—O que este incidente nos diz sobre a relação real entre a Espanha de Franco e a Alemanha nazista?
— Que a Alemanha e a Espanha estavam muito unidas. Isto é o que todos os historiadores sabem. É verdade que existia uma união ideológica e sentimental muito forte. A Espanha protestou contra o sequestro, mas de forma muito discreta.
— Por que se calam sobre o sequestro da Gestapo na Espanha?
– Porque, apesar de ser um oficial de alto escalão, o personagem não era muito conhecido. E também porque a Gestapo trabalhou “lado a lado” com a polícia espanhola. Eles próprios assinaram um acordo em 1928, que entrou em vigor dez anos depois, para instruir a polícia espanhola. A Gestapo aqui agiu como queria. Eles nem precisavam pedir permissão, podiam fazer o que quisessem. Além disso, este homem foi muito cuidadoso e, ao regressar a Espanha, não se dedicou à divulgação ou divulgação desta informação.
—Ainda há episódios pouco claros entre a Alemanha nazista e a Espanha franquista?
– Sim, claro. Havia 30.000 alemães a viver em Espanha na altura e isto aconteceu a mais pessoas porque a desobediência foi paga e a Gestapo não permitiu que isto acontecesse. Esta foi uma prática e um exemplo comum para evitar que os alemães que viviam em Espanha saíssem do controle.
— Quanto tempo você demorou para se recuperar da operação?
— Cerca de três anos. Pela primeira vez em 2017, pretendia publicar vários artigos no La Tribuna, mas acabei abandonando por falta de tempo. Então, em 2022, o atual editor do jornal me disse que eu precisava contar a história. Achei difícil porque precisava de conhecer muitos assuntos que não conseguia encontrar, mas aos poucos contactei arquivos nacionais e sobretudo internacionais e agora consegui publicá-lo.
— Além do sequestro em si ou da relação entre os regimes nazista e franquista, você encontrou algo que o surpreendeu mais do que o esperado?
“Tudo me surpreendeu que Espanha olhasse para o outro lado, que fosse um dos protagonistas das relações entre Espanha e Alemanha e, sobretudo, o seu papel diplomático, que não sabia que era tão importante. A vida deste homem é como um filme.
— Que tipo de leitor você acha que gostará especialmente do livro?
“Não escrevi isso pensando em um público específico. Depende do que cada pessoa gosta de ler. É verdade que não se trata de um romance, mas de um ensaio histórico, mas agradará a qualquer pessoa interessada em história ou intriga.