A segunda encarnação da esquerda internacional latino-americana – o Grupo Puebla, que substituiu o Foro de São Paulo quando este perdeu força – gravemente ferido eleições serão realizadas na região durante 2025.
No início do ano, o Correismo foi novamente pacificado no Equador; depois, na Bolívia e em Honduras, as respectivas versões bolivarianas falharam; Por sua vez, na Argentina, Miley abalou o kirchnerismo na sua presidência intercalar e as sondagens apontam para uma possível derrota do candidato comunista no Chile no próximo domingo.
No começo era o Fórum de São Paulo. A tentativa fracassada da esquerda latino-americana de tomar o poder pela força através de guerrilhas numa espécie de “internacional” incentivou Fidel Castro (revolução vencida apenas em 1959 em Cuba e 1979 na Nicarágua, no início e quase no fim de mais de duas décadas particularmente turbulentas), com o advento da democracia, a esquerda coordenou as suas ações para alcançar o poder através das urnas. O proprietário era brasileiro. Lula da Silva e o seu Partido dos Trabalhadores, que começou a unir forças relacionadas, formulando ajuda mútua e acordando roteiros.
As vitórias de Chávez na Venezuela e dos Kirchner na Argentina deram impulso a esta irmandade, que se expandiu com Morales na Bolívia, Correa no Equador, Ortega na Nicarágua, Lionel Fernandez na República Dominicana, Zelaya nas Honduras e a FMLN em El Salvador. As malas de dólares do Chavismo foram em muitas direcções no auge do boom económico regional de 2003-2013, e a liderança transnacional de Lula foi estabelecida, especialmente na América do Sul, através de iniciativas como a organização Unasul.
Mas colapso da Venezuela sob MaduroA chegada de Macri à Casa Rosada em 2015 e o eventual início do mandato de Bolsonaro em janeiro de 2019 deixaram o Fórum de São Paulo sem fôlego. A própria Unasul desintegrou-se e não pôde ser transformada numa entidade regional.
Com Lula preso por corrupção, a liderança da esquerda latino-americana foi assumida pelo mexicano López Obrador, que em julho de 2019 fundou o Grupo Puebla, liderado por, entre outros, Alberto Fernándezque derrotou Macri e tentou se opor à sua vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner.
Esta reencarnação da frente de esquerda na região foi formulada não apenas por partidos políticos, como o Fórum de São Paulo, que continua a existir, mas também por indivíduos, aos quais se juntaram políticos de Espanha, conferindo à organização um carácter distintamente ibero-americano. Radicalização do PSOE com Zapatero e Sánchez e a proeminência do Podemos alimentam a agenda e o debate do Grupo Puebla.
AMÉRICA LATINA
A segunda vaga de governos de esquerda recuperou parcialmente o terreno perdido, mas já não era tão generalizada.
No entanto, seja verdade ou não que as segundas prestações nunca foram boas, a verdade é que o impacto eleitoral deste relançamento foi insignificante: a segunda vaga de governos de esquerda recuperou parte do terreno perdido, mas já não foi tão generalizada, e o que tinha sido considerado o “ciclo bolivariano” pode agora ser considerado completamente encerrado.
É lógico que formulações de esquerda possam vencer futuras eleições, aliás muitas vezes mais marcadas voto de protesto contra o partido no poder do que pelo voto ideológico em si, mas fórmulas como a de Bukele em El Salvador, que é difícil de enquadrar no espectro político para além do seu populismo, ou o triunfo das abordagens libertárias de Milea e talvez da direita Caste, sugerem que politicamente a região entrou numa nova fase.