novembro 16, 2025
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Sete líderes do Comando Vermelho, um dos grupos do crime organizado mais poderosos do Brasil, foram transferidos esta quarta-feira da prisão estadual do Rio de Janeiro para o presídio federal de alta segurança de Catanduvas, na cidade de mesmo nome, no estado do Paraná. A transferência foi realizada por aeronaves da polícia e a pedido do governo do estado do Rio, como parte de uma estratégia para enfraquecer os laços entre as lideranças e os integrantes da quadrilha. Os sete são acusados ​​de ordenar o fechamento de ruas da cidade do Rio de Janeiro no dia 28 para semear o caos em resposta a uma operação policial que matou 121 pessoas naquele dia, a mais mortal do Brasil.

Esses presos cumprem pena por crimes como tráfico de drogas, homicídio, organização de fugas… A pena total de sete deles é de mais de 500 anos.

Os sete líderes intermediários do CV foram transportados do presídio de Bangu, no Rio, para o Aeroporto Internacional do Rio em um comboio sob forte escolta policial. Fotografias aéreas mostram-nos embarcando em um avião na pista. Seus cabelos estão raspados, as mãos algemadas à cintura e eles vestem camiseta branca e calça azul. O governo de Luiz Inácio Lula da Silva criticou o executivo carioca por divulgar a transferência antes de sua conclusão, o que as afirmações anteriores poderiam ter levado a uma tentativa de resgate.

Inicialmente, foram levados para o presídio de Catanduva, exatamente onde Fernandinho Beira-Mar, considerado o comandante máximo da KV, cumpre pena há duas décadas. De Catanduva, os sete presos serão distribuídos para outros presídios federais localizados nos estados do Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul e Rondônia, além de Brasília, informa o G1 do grupo Globo.

Após a sangrenta operação policial, o Congresso acelerou o debate sobre um projeto de lei para combater o crime organizado. O autor do projeto é Guilherme Derrit, conhecido como Capitão Derrit, ex-policial militar da tropa de choque que chefiou a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo no início deste mandato, quando a letalidade das forças de segurança paulistas aumentou significativamente. As negociações com o governo para implementar esta regra resultaram na sua recusa em designar o Comando Vermelho, o Primeiro Comando da Capital ou outros grupos do crime organizado como organizações terroristas sob a política dos EUA.

Sete prisioneiros CV transferidos foram presos no Rio, a praça mais poderosa da cidade e cidade onde o grupo nasceu no final da década de 1970. Há duas décadas, o Brasil criou uma rede de prisões federais de segurança máxima para abrigar os presos mais perigosos (e poderosos) do país, visto que grupos do crime organizado dominam muitos dos centros penitenciários do estado espalhados por todo o país. Um especialista penitenciário recentemente, ironicamente, identificou as prisões brasileiras como uma colaboração entre o Estado e o setor privado. O estado manda até a porta. Internamente, a governação é tarefa dos grupos armados.

O Comando Vermelho, com cerca de 30 mil pessoas, se expandiu para quase todo o Brasil nos últimos anos. Domina a chamada rota do Solimões, que transporta drogas da Colômbia ou do Peru ao longo do rio Amazonas até a costa atlântica para consumo interno ou exportação para a Europa.

A operação policial, que terminou no final de setembro com uma emboscada sangrenta na floresta entre as favelas do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, tinha como objetivo impedir a expansão dos comandos do Vermelho e capturar o seu principal líder de rua, Edgar Alves Andrade, mas os agentes não conseguiram encontrá-lo. Quando a operação ainda não havia terminado, o Comando Vermelho acionou seus homens, que imediatamente bloquearam as ruas e avenidas da cidade com ônibus e carros, que montaram como barricadas, e atearam fogo. Apenas a zona sul, querida pelos turistas, onde ficam as praias de Copacabana e Ipanema, permaneceu tranquila. Causaram estragos em toda a cidade por ordem dos agora transferidos, segundo as autoridades, fazendo com que centenas de milhares de pessoas enfrentassem sérias dificuldades para regressar às suas casas.

Pelo menos 80 dos mortos na operação policial tinham antecedentes policiais significativos, disseram as autoridades. Outros quatro eram policiais. O Ministério Público do Rio apresentou seu relatório de autópsia. Ele ressalta que foram encontradas lesões atípicas em dois corpos: um foi baleado à queima-roupa; outro, decapitado, relata Ou um globo. Afirma ainda que todos os corpos eram de homens com ferimentos de bala no peito, abdômen e costas. Muitos dos mortos, segundo os promotores, usavam roupas camufladas, coletes à prova de balas, botas e luvas.

Por outro lado, a Polícia Civil descobriu que apenas 57 dos 128 agentes do seu corpo de elite envolvidos na operação possuíam câmeras de uniforme operacional. O corpo supostamente tem problemas técnicos.