dezembro 10, 2025
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Jorge Verstringe, ex-político e cientista político, nos diz em seu livro: “Memórias de um Transeunte” sua jornada pela política espanhola. Esta é uma revista vital que é também um importante retrato de alguns anos marcantes do nosso país. Nós falamos com ele sobre pecados mortais. Ou não.

– Eu te perdôo seu pecado.

– Eu não acredito em pecado. Nem na capital dos pecados, nem em Deus, nem no Senhor, nem nos mandamentos. Eu não acredito em culpa.

– Sem culpa, claro, não há pecado.

-Transparente. A questão é que esta lista de pecados é uma questão moral.

“Mas acredito que esta falta de culpa não significará falta de responsabilidade pelas próprias ações.”

– Claro que não. O que não aceito é o conceito de pecado, ou pelo menos não o respeito. Mas vivo pelo conceito de dever. Entrei na política para servir meu povo, minha cidade e meu país.

“Quando eu estava na política, não roubava. E conheço pessoas que me dizem que sou um idiota por esse motivo.”

Deixe-me dizer, entrar na política por servir hoje parece um pouco estranho.

– Sim, infelizmente. Mas foi assim que eles me criaram. E com muita honra. Por exemplo, quando estive envolvido na política, não roubei. E conheço pessoas que me dizem que sou um idiota. Mas eu durmo bem. Foi para isso que fui treinado e fiz o que era esperado de mim, ou pelo menos tentei.

– Sem culpa, sem arrependimento?

“Nada disso, mas dever cumprido, ou pelo menos uma tentativa honesta de fazê-lo.”

– Então, a julgar pelas suas palavras, você será guiado não por uma lista de pecados graves, mas por valores capitais.

– Isso não me livra das deficiências, das quais tive muitas.

— Grato?

– Confiança excessiva nos outros, crença absoluta na justiça, generosidade excessiva… Onde aparece a palavra “excesso”, aparecem más vibrações. Confesso que tive excessos.

“Você precisa ser honesto com os outros e não trapacear. Se você for enganado, então azar. “Eles me enganaram muitas vezes.”

— Quais valores seriam os mais importantes da sua lista?

— A honestidade está acima de tudo. Mas, como disse meu pai comunista, você diz desde o início que é um ladrão. Nesse caso, podemos entender você. Mas se você é um ladrão, não chegue depois e diga que é uma pessoa absolutamente honesta.

— Honestidade em se declarar desonesto.

-Transparente. Você deve ser honesto com os outros e não enganar. Se você for enganado, então azar. Eles me enganaram muitas vezes. A vida é assim.

– E ele perdoou?

– Não necessariamente. Eu também não esqueci. Mas você não pode ser controlado na vida pelo que os outros fazem com você; você deve ser controlado pelo que faz com os outros.

“O livro inclui aqueles que ajudei e aqueles que mandei para a aposentadoria política. “Eu matei vários”

E você pode ser honesto, mas não precisa ser estúpido.

– Esta é uma ideia.

— A honestidade na política é hoje uma anomalia?

“Eu não deveria.”

– Mas parece. Existe uma maneira de acreditar novamente que isso é possível?

“Acho que sim, mas sabendo que vai durar um pouco e depois eles voltarão aos velhos hábitos e teremos que começar tudo de novo.” A vida é um ciclo.

— Você foi completamente honesto em seu livro?

-Não. Nele conto o que vi e fiz, o que decidi fazer, aparecem aqueles que ajudei e quem mandei para a aposentadoria política. Eu matei vários.

– Ninguém que não mereça isso?

“Ninguém que não merece tem dúvidas.”

Referência