Jorge Verstringe, ex-político e cientista político, nos diz em seu livro: “Memórias de um Transeunte” sua jornada pela política espanhola. Esta é uma revista vital que é também um importante retrato de alguns anos marcantes do nosso país. Nós falamos com ele … sobre pecados mortais. Ou não.
– Eu te perdôo seu pecado.
– Eu não acredito em pecado. Nem na capital dos pecados, nem em Deus, nem no Senhor, nem nos mandamentos. Eu não acredito em culpa.
– Sem culpa, claro, não há pecado.
-Transparente. A questão é que esta lista de pecados é uma questão moral.
“Mas acredito que esta falta de culpa não significará falta de responsabilidade pelas próprias ações.”
– Claro que não. O que não aceito é o conceito de pecado, ou pelo menos não o respeito. Mas vivo pelo conceito de dever. Entrei na política para servir meu povo, minha cidade e meu país.
“Quando eu estava na política, não roubava. E conheço pessoas que me dizem que sou um idiota por esse motivo.”
–Deixe-me dizer, entrar na política por servir hoje parece um pouco estranho.
– Sim, infelizmente. Mas foi assim que eles me criaram. E com muita honra. Por exemplo, quando estive envolvido na política, não roubei. E conheço pessoas que me dizem que sou um idiota. Mas eu durmo bem. Foi para isso que fui treinado e fiz o que era esperado de mim, ou pelo menos tentei.
– Sem culpa, sem arrependimento?
“Nada disso, mas dever cumprido, ou pelo menos uma tentativa honesta de fazê-lo.”
– Então, a julgar pelas suas palavras, você será guiado não por uma lista de pecados graves, mas por valores capitais.
– Isso não me livra das deficiências, das quais tive muitas.
— Grato?
– Confiança excessiva nos outros, crença absoluta na justiça, generosidade excessiva… Onde aparece a palavra “excesso”, aparecem más vibrações. Confesso que tive excessos.
“Você precisa ser honesto com os outros e não trapacear. Se você for enganado, então azar. “Eles me enganaram muitas vezes.”
— Quais valores seriam os mais importantes da sua lista?
— A honestidade está acima de tudo. Mas, como disse meu pai comunista, você diz desde o início que é um ladrão. Nesse caso, podemos entender você. Mas se você é um ladrão, não chegue depois e diga que é uma pessoa absolutamente honesta.
— Honestidade em se declarar desonesto.
-Transparente. Você deve ser honesto com os outros e não enganar. Se você for enganado, então azar. Eles me enganaram muitas vezes. A vida é assim.
– E ele perdoou?
– Não necessariamente. Eu também não esqueci. Mas você não pode ser controlado na vida pelo que os outros fazem com você; você deve ser controlado pelo que faz com os outros.
“O livro inclui aqueles que ajudei e aqueles que mandei para a aposentadoria política. “Eu matei vários”
–E você pode ser honesto, mas não precisa ser estúpido.
– Esta é uma ideia.
— A honestidade na política é hoje uma anomalia?
“Eu não deveria.”
– Mas parece. Existe uma maneira de acreditar novamente que isso é possível?
“Acho que sim, mas sabendo que vai durar um pouco e depois eles voltarão aos velhos hábitos e teremos que começar tudo de novo.” A vida é um ciclo.
— Você foi completamente honesto em seu livro?
-Não. Nele conto o que vi e fiz, o que decidi fazer, aparecem aqueles que ajudei e quem mandei para a aposentadoria política. Eu matei vários.
– Ninguém que não mereça isso?
“Ninguém que não merece tem dúvidas.”