O ex-ministro socialista José Luis Abalos, agora deputado do Grupo Misto, pediu autorização ao Conselho do Congresso para poder participar eletronicamente, desde a prisão, na votação que terá lugar esta quinta-feira no plenário da Câmara. A Suprema Corte acaba de aprovar a decisão do juiz Leopoldo Puente de processá-lo junto com seu ex-assessor Koldo Garcia por supostas irregularidades em contratos de máscaras concedidos pelo Ministério dos Transportes durante a pandemia, mas o Conselho do Congresso ainda não tem em mãos um documento oficial que suspenda oficialmente os direitos de Abalos como legislador.
Fontes parlamentares explicam que até receberem esta confirmação do Supremo, a bancada não poderá destituí-lo. Assim, enquanto esta mensagem chegava, a comitiva de Abalos divulgava através da sua conta “X” a informação de que ele tinha pedido à Câmara que votasse electronicamente. O ex-ministro mantém uma recente reforma das regras do Congresso que cita “situações excepcionais de particular gravidade” como uma exceção aos direitos de voto telemático dos parlamentares.
O deputado sublinha que a norma não especifica a razão desta situação excecional, e garante que a recusa de emissão de alvará seria “uma violação inédita e gravíssima tanto dos direitos inerentes a qualquer deputado como da representação dos cidadãos”. Embora o Conselho vá agora estudar o pedido e aguardar um relatório dos advogados, fontes parlamentares explicaram estes dias que o espírito desta mudança de regra foi pensado para situações “exógenas” aos deputados, e que ir para a prisão não é uma delas.
Muito provavelmente, o Congresso nem sequer terá de considerar se concederá a Abalos a capacidade de votar electronicamente: assim que o Supremo Tribunal informar o Conselho de que a decisão é final, o Congresso poderá aplicar a parte das regras que prevê a suspensão dos direitos e deveres de um legislador. Trata-se do artigo 21.º, que estabelece especificamente que “Os deputados ficarão suspensos dos seus direitos e deveres parlamentares quando, depois de obtida pela Câmara a autorização objecto do pedido e assinada a acusação, forem colocados em situação de prisão preventiva e durante todo o seu período”.
Há poucos dias, o juiz confirmou sua decisão de deter Abalos “em prisão preventiva sem fiança”. No entanto, o Congresso evitou a suspensão total dos seus direitos enquanto aguardava uma acusação final contra o ex-ministro. O Supremo Tribunal estava programado para ouvir os recursos interpostos contra a decisão em 4 de dezembro e finalmente anunciou sua decisão nesta quarta-feira.
Nos últimos dias, o Congresso tem procurado ser fiador nas suas decisões e interpretar escrupulosamente as disposições sobre esta matéria, para não violar os direitos do ainda deputado numa situação inédita. É por isso que vai esperar que os advogados decidam se lhe concedem ou não o voto telemático, caso a confirmação escrita do Supremo Tribunal ainda demore várias horas.