dezembro 13, 2025
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Ande ao redor do mundo verticalmente. Esta é a tarefa que se propuseram os marinheiros Paula Gonzalvo e Pedro Jimenez quando partiram no dia 15 de novembro do porto de Castellón no veleiro Alegría Marineros para uma aventura inédita. e que terá a duração aproximada de 12 meses: realizar a primeira circunavegação do mundo por mar, ligando os dois pólos, Norte e Sul, numa viagem vertical que totaliza mais de 35 mil milhas náuticas (cerca de 65 mil quilómetros) e atravessa cinco oceanos.

A bordo estão dois capitães que há anos vivem e respiram o mar: Paula Gonzalvo (Allende los Mares) e Pedro Jimenez (Alegría Marineros). Chamada Around the Vertical World, a expedição combina aventura extrema, ciência e gestão ambiental para criar um roteiro sem precedentes na história da navegação mundial.

O planejamento exige um cronograma rigoroso: viajar primeiro pelo hemisfério sul durante o verão austral (dezembro a janeiro) e depois seguir para o norte (junho a julho) para aproveitar a luz constante, menos gelo e condições mais favoráveis.

Rota sem precedentes e extrema

Ao contrário da circunavegação tradicional do mundo, que normalmente segue rotas latitude ou equatoriais, esta viagem utiliza um eixo vertical que liga o meridiano de 0° ao meridiano de 180°, cruzando a Antártica (sul) e o Ártico (norte).

Segundo Paula Gonzalvo: “Percebemos que isto nunca tinha sido feito antes: ligar os dois Círculos Árticos numa viagem à volta do mundo. “É um grande desafio porque envolve contornar a Antártida e depois passar pela Passagem Noroeste entre o Canadá e a Gronelândia.”

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O “Alegria Marineros” é um veleiro de 21 metros de comprimento, construído em alumínio e reforçado para condições polares: dois pilotos automáticos, dois radares, GPS múltiplo, cinco câmeras, comunicações triplas por satélite e sistemas de energia redundantes, garantindo segurança nas condições mais extremas.

Paula navegou mais de 65.000 milhas e Pedro mais de 200.000, incluindo inúmeras travessias polares. A experiência acumulada será fundamental para completar etapas de até 100 dias sem parar na Antártica e sem possibilidade de contato com vida humana a milhares de quilômetros de distância, portanto qualquer contratempo poderá ser um problema.

Programas científicos

Retornar ao Mundo Vertical não é apenas uma façanha. A expedição é fortemente científica por natureza: recolha de amostras de biodiversidade marinha, análise de microplásticos em águas polares, registo de paisagens sonoras marinhas para estudar mamíferos e ruído antropogénico, e medições meteorológicas e oceanográficas em tempo real. O projeto é apoiado por instituições como a Universidade de Alicante, o Instituto Multidisciplinar Ramon Margalef, a Década dos Oceanos da ONU e a Verdadeira Paz.

Além disso, os assinantes poderão acompanhar a ação ao vivo de qualquer lugar do mundo graças às câmeras instaladas e aos dados que podem ser compartilhados durante a viagem.

Influência e legado

Além de milhares de quilómetros, este projeto procura inspirar, educar e destacar a vulnerabilidade do planeta. Viajando pelas regiões mais remotas, Paula e Pedro vão mostrar em primeira mão os efeitos das alterações climáticas, da poluição marinha e da necessidade urgente de cuidar dos oceanos. Ao mesmo tempo, a sua iniciativa promove a igualdade de género na vela desportiva e na cultura da vela espanhola.

Para Espanha, o Vertical World Tour representa uma oportunidade de projeção internacional. Com a sua tradição marítima, a indústria marítima e o talento crescente, o país poderá estar na vanguarda do desenvolvimento oceânico.

“A tarefa é muito difícil”, admite Paula, “mas estamos prontos para dar um passo em frente e mostrar que a vela espanhola também aposta na grande exploração”.

Espanha continua a ser pioneira

Este projeto combina aventura, ciência e consciência. Esta é uma excursão ao extremo que, como pioneira, entra direto nos livros de história marítima. A Vertical Vuelta marca não só um marco técnico e desportivo, mas também um símbolo de que a vela pode reinventar-se, conectar-se com outros públicos e causar um verdadeiro impacto.

Não há expedições conhecidas que tenham circunavegado o mundo e passado pelos dois pólos. Desde a primeira circunavegação realizada por Magalhães e Elcano, que circunavegaram o mundo para oeste, até às mais numerosas e tradicionais, sejam desportivas (The Ocean Race, Vendée Globe, Global Solo Challenge, etc.), que navegam para leste, atravessando os três grandes cabos: Buena Esperanza (África do Sul), Leeuwin (Austrália) e Hornos (Chile); Gonzalvo e Jiménez podem ter sido os primeiros a fazer esta virada vertical. Não é uma competição, é um desafio e pode marcar um marco importante.

Num mundo onde o mar exige atenção urgente, esta expedição reúne pioneirismo, tecnologia, aprendizagem e contação de histórias. Para os entusiastas da vela, este é um farol. Este é um sinal forte para o país: quando Espanha vai para o mar, fá-lo para chegar o mais longe possível.

Referência