dezembro 14, 2025
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Tony Martinez (Murcia, 1997), atacante do Deportivo Alavés e um dos atacantes mais fortes do clube até o final do contrato, representa a combinação de experiência, visão e maturidade que a equipe vitoriana busca consolidar na Primeira Divisão. Treinado em A juventude do Valência está a entrar na classificação e depois de um percurso que o levou por vários campeonatos europeus, ele emergiu como um avançado completo, capaz de combinar visão de golo, ritmo de trabalho consistente e uma forte capacidade de adaptação. O atacante está em seu segundo ano na La Liga e antes da visita do Real Madrid neste domingo, fala ao ABC para falar sobre seu processo de adaptação ao futebol espanhol após a experiência no exterior, sua confiança na frente do gol e sua visão dos desafios que o Alavés enfrenta em uma temporada chave para o clube.

— O saldo destes primeiros 15 dias de Liga?

— Acho que o saldo é bastante positivo para a equipe. Ganhamos jogos em casa quando as coisas pareciam ficar difíceis e também perdemos outros que não esperávamos devido ao ímpeto que nós ou o adversário entramos. Mas reflecte como é esta Liga: todas as equipas competem e é preciso estar sempre a 100%. No geral, estamos na posição que queremos para passar a temporada com tranquilidade.

“Gostaria de ultrapassar a marca dos dez gols, tenho quatro anos, mas ainda não terminamos a primeira fase.”

“Ele chegou com a missão de fazer um gol.” Qual é a sua perspectiva para esta temporada em termos de desempenho e contribuição?

“Claro que gosto de contribuir com gols, trabalho e assistências. Não diria que o saldo é totalmente positivo, porque sempre se quer marcar mais, mas é bom. Tenho quatro gols e duas assistências. Gostaria de ultrapassar a marca de dez gols; estamos quase na metade da temporada e a primeira rodada ainda não acabou. Quero continuar contribuindo como Lucas e Mariano. Quando marcamos, quão bem estamos defensivamente, estamos muito mais perto de vencer.

— Você sente que seu treinador e seus companheiros confiam em você?

-Sim, claro. Desde o primeiro dia. Com o “Chacho” isso se demonstra todos os dias: você ganha, e fala-se muito também. Isso me torna um jogador melhor. Este ano estou experimentando uma nova posição semelhante ao 4-4-2, jogando mais baixo e nas entrelinhas. Isso me ajuda a crescer. Além disso, tenho muito mais minutos do que no ano passado e estou muito feliz.

— Como estão seus concorrentes? O que cada um deles contribui?

— A competição é sempre boa. Lucas faz um trabalho incrível e é quem passa mais minutos comigo. Mariano teve uma participação menor na primeira parte da temporada, mas mostrou sua qualidade nas oportunidades, principalmente na Copa. Nós três nos complementamos bem. Já joguei com ambos e acredito que uma competição saudável nos torna melhores.

— Quais são os objetivos da equipe nesta temporada?

— Temos que ser realistas: o primeiro objetivo é manter a categoria e continuar disputando a Primeira Divisão. Esta é uma liga muito difícil. Mas também seria hipócrita não dizer que queremos mais. Se atingirmos esta meta em breve será um bom sinal e poderemos permitir-nos sonhar e lutar pelo nosso melhor.

— Mendizorroza sempre foi especial para muitos jogadores. O que isso significa para você?

“Quando cheguei, todos me disseram: “Você vai ver”. E é verdade. Minha estreia foi fora de casa contra o Real Madrid e já percebi o clima com a torcida deslocada. Mas quando joguei minha primeira partida em Mendizorros, entendi do que estavam falando. São 20 mil, mas não parece: têm uma magia especial. As pessoas têm sentimentos muito profundos pelo clube. Eles sabem o que é sofrer e desfrutar e entendem que precisam ficar juntos. Mesmo nos momentos ruins o estádio fica lotado e o clima é o mesmo. Isto explica porque marcámos tantos pontos em casa: 14 em 18.

— Neste domingo eles recebem o Real Madrid. Quais são suas expectativas e como você se prepara para um jogo como esse?

— Sabemos quem virá: um dos melhores clubes do mundo, cujos jogadores podem decidir o resultado da partida a qualquer momento. Também chegam com derrotas e num momento menos positivo, mas isso não muda nada: este é o Real Madrid. Estamos preparando o jogo para fazer o nosso jogo e tentar vencer. Vamos com a intenção de atingir esses 100%.

— Considerando as derrotas do Real Madrid na defesa, a abordagem do jogo muda alguma coisa?

– Não, a mentalidade é a mesma. Preparamo-nos todos os jogos da mesma forma, independentemente do adversário. O treinador então decide os ajustes táticos com base na forma como cada equipe joga. Adaptamo-nos ao que “Chacho” exige de nós. Queremos somar três pontos como fizemos contra o Real Madrid. Sabemos que será muito competitivo, mas aqui em casa são estes os jogos que os adeptos e os jogadores gostam.

— O VAR está no centro das discussões. Como você sente isso por dentro?

– Boa pergunta. A liga nos envia juízes todas as temporadas para explicar como vai funcionar. Se não me engano, somos a equipa que mais sofreu na La Liga com o VAR e com as decisões que depois são dadas no CTA. O VAR é uma ferramenta muito positiva e mudou o futebol, mas creio que pode evoluir ainda mais. Se for possível corrigir um erro, que seja bem corrigido. Existem, claro, jogadas interpretáveis, mas é preciso encontrar um equilíbrio para que seja o mais justo possível e não traga benefício ou prejuízo a ninguém. A nível pessoal, acredito que o uso adequado é essencial.

“Ele passou por várias ligas.” Que diferenças vê entre os espanhóis e os portugueses?

— A principal diferença é o nível da mídia. Para mim, a Liga é a primeira ou segunda liga mais importante do mundo. Portugal é um campeonato que gosto muito. Joguei no Famalicão e no Porto, mas quando se fala de La Liga fala-se muito. Apresenta alguns dos melhores times e jogadores do mundo, e cada partida é uma final. A competitividade é muito maior.

— O que o treinador te pergunta quando você entra em campo?

“O comprometimento e o trabalho com ele são inegociáveis. Isso cria uma identidade muito positiva. Depois de um ano de trabalho conjunto, a equipe se entende melhor. Acho que isso ajuda os jogadores que estão determinados a aprender melhor porque vivem o futebol com muita paixão e se identificam muito com o clube.

— Você acha que tem espaço para melhorar como jogador? Algum detalhe que você deseja polir particularmente?

– Claro, todos nós temos. Quero contribuir mais em termos de gols e assistências, continuar entendendo o jogo e chegar ao meu melhor nível. Sempre há espaço para crescer a partir da humildade e do trabalho. O atacante vive do gol. Quero sempre melhorar tudo que me ajude a chegar mais perto da vitória.

“Nosso treinador forma jogadores determinados a fazer melhor porque vive o futebol com grande paixão.”

— Como foi sua adaptação em Vitória?

-Muito bom. Eles nos receberam muito bem desde o primeiro dia. Esse tipo de estabilidade fora de campo ajuda muito no desempenho em campo. Minha esposa e meus dois filhos estão maravilhados e isso me dá tranquilidade.

— O que te motiva a treinar e competir todos os dias?

-Minha família. Tê-los comigo onde quer que eu vá, ver meus filhos curtindo futebol… Isso me torna um exemplo de perseverança, trabalho e sacrifício. Esta é a minha motivação diária.

— Ídolo de infância?

— Desde criança, Fernando Torres. Ele foi meu mentor dentro e fora de campo. Agora tive a sorte de conhecê-lo e conversar com ele quando jogava na Liga Juvenil. Foi um sonho.

— Que mensagem você gostaria de mandar para a torcida do Alavés?

– Deixe-os continuar como sempre. Não precisamos contar muito a eles porque eles dão tudo de si e sentimos isso todas as semanas. Fique conosco, juntos faremos grandes coisas. Espero que este seja um ano de sonho porque temos um grupo incrível.

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