Reyes Pro foi batizado na mesma fonte em que Becker foi batizado, e sua família, principalmente seu avô Miguel, o ensinou a amar a cidade. Depois de se formar pela Faculdade de Filosofia e Letras, além de Geografia e História, trabalhou no Arquivo … Índia, o Conselho Provincial de Sevilha, o Serviço de Saúde da Andaluzia e o Ministério da Cultura. Dá palestras sobre os mosteiros e confrarias de Sevilha e publicou um livro sobre eles.
– Você não acha que o silêncio que respiram os mosteiros é muito mais atraente agora que há tanto barulho por toda parte?
-Na vida de hoje falta silêncio, silêncio, para podermos refletir. Se não pensarmos, não somos humanos. E muitas vezes nos deixamos levar pelo barulho, pela agitação, pelo superficial, ao invés de pensarmos em nós mesmos.
-E o barulho nas redes sociais não para de crescer…
-Sim, porque tem gente que vive apenas no mundo virtual. Quando você vai visitar uma fraternidade na rua, a primeira coisa que você vê é uma gangue de celulares. Absolutamente. E penso sempre a mesma coisa: eles gravam, mas não vivem esse momento único. E quando você vai ver essas fotos ou vídeos? Todos conhecemos fotógrafos profissionais maravilhosos a quem podemos pedir para tirar uma foto como fizemos durante toda a vida e viver aquele momento. Vivemos pelas aparências. E estou muito mais preocupado com os jovens, esse culto à aparência e à imagem. E pensando um pouco, porque quantas palavras cabem em um tweet?
-Isso é interessante, porque dizem que Sevilha é uma cidade de fenômenos.
-Eu não falaria tanto sobre aparência. Mantenho-me na definição de Unamuno de sevilhano: bonito e frio.
-Os de fora nos chamam de engraçados…
– Sim, isso aconteceu comigo em Madrid, no Ministério, quando fui lá fazer cursos. Por favor! Isto é um absurdo. O sevilhano sempre foi uma pessoa muito atenciosa, com sentido de proporção e proporção, embora veja que, infelizmente, temos cada vez menos. Essa é uma medida da inclinação da copa, que corresponde exatamente ao tamanho da rua, da cidade, essa proporção em qualquer elemento da nossa vida.
-O que mais perdemos?
-Bem, e também conhecimento da própria cidade. As pessoas não sabem mais andar. Na Plaza Nueva até me perguntaram sobre a rua Tetuan. Mas não um estrangeiro, mas um jovem daqui. Para um estrangeiro, mergulhar uma bebida quente no vermute num bar muito famoso de Sevilha é extremamente curioso. Mas eles são estrangeiros e claramente não sabem. Mas o facto de um jovem sevilhano estar na Plaza Nueva e não saber o que é a rua Tetouan já me parece muito poderoso.
-Se não existissem navegadores e celulares…
-Bem, você não deveria confiar tanto nos navegadores. Trabalhei com a polícia e posso dizer que ocorreram acidentes, até fatais, devido à confiança cega nelas. Parece incrível, mas há quem tenha jogado o carro num barranco porque o navegador disse que sim. Então, o que está acontecendo que não pensamos?
– Com o uso da tecnologia, também perdemos o senso de proporção…
-A tecnologia é que é uma ferramenta. Como alguém disse, não tenho medo da inteligência artificial, tenho medo da perda da inteligência natural. Isso me assusta. Porque parece que já confiamos tanto nas ferramentas que não vemos nada além das ferramentas que usamos, que são fantásticas, que podem facilitar muito as coisas para nós, mas não podem substituir o cérebro. Seria terrível se isso acontecesse.