dezembro 17, 2025
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Arquivo – Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk

– Europa Press/Contato/Marwan Naamani – Arquivo

MADRI, 17 de dezembro (EUROPE PRESS) –

O governo venezuelano acusou esta terça-feira a ONU de tentar “juntar-se” aos países que mais contribuem para o seu financiamento em detrimento de proteções “genuínas” dos direitos humanos, depois de o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos (ACNUDH), Volker Turk, ter criticado os decretos opacos de Nicolás Maduro sobre o estado de choque externo no país latino-americano.

“A falta de confiança no alegado relatório do Alto Comissariado sobre a Venezuela mostra um preocupante distanciamento do sistema das Nações Unidas relativamente à proteção genuína dos direitos humanos, procurando alinhar-se melhor com os interesses das potências que condicionam o seu financiamento em troca de favores políticos, colocando em causa os princípios fundamentais estabelecidos na Carta das Nações Unidas”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros venezuelano, Iván Gil.

Num comunicado publicado através da sua conta no Telegram, o diplomata rejeitou “fortemente” as declarações de Turk, chamando-as de “dever moral”.

O funcionário da ONU, Gil disse, “ao ignorar o ataque dos Estados Unidos a um navio que transportava petróleo venezuelano, ele está preparando um relatório cheio de equívocos que intensificam o ataque ao nosso país”. “Esta situação não só mina a autoridade da ONU, mas também põe em causa o seu compromisso com a justiça e a igualdade a nível internacional”, concluiu o ministro.

As declarações foram feitas depois de um advogado austríaco ter criticado a forma como o conteúdo dos recentes decretos aprovados por Maduro sobre o estado de choque externo permanecem inéditos, pelo que esta opacidade “os protege do escrutínio e torna difícil qualquer avaliação da sua compatibilidade com o direito internacional”.

O estado de agitação externa está previsto no artigo 338 da Constituição venezuelana e é estabelecido em caso de conflito externo que ameace a segurança da nação, dos seus cidadãos ou das suas instituições.

Especificamente, a medida confere ao governo poderes extraordinários para mobilizar tropas, restringir os direitos civis e controlar os meios de comunicação. Caracas justificou a medida dadas as tensões na região devido às operações militares dos EUA em águas caribenhas contra o tráfico de drogas e à possível interferência de Washington no território venezuelano.

Turk expressou preocupação com “o impacto que o aumento da pressão militar dos EUA terá sobre os direitos humanos” e repetiu o seu apelo aos Estados Unidos para “usarem técnicas estabelecidas de aplicação da lei para resolver o grave problema do tráfico de drogas”.

Por outro lado, afirmou que “já não tenho pessoal internacional nem pessoal neste país latino-americano” e garantiu que “fizemos todos os esforços possíveis” para continuar a trabalhar na Venezuela, “solicitando vistos e diálogo com as autoridades, mas sem sucesso”.

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