O Tribunal de Contas lançou uma investigação sobre indícios de que a Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID), dependente do Ministério dos Negócios Estrangeiros chefiado por José Manuel Albarez, possa ter incorrido em responsabilidade contabilística por pagamentos injustificados relacionados com … até 2023 (embora estejam adiados desde 2016) no valor de 21,7 milhões de euros.
O terceiro Ministério Público considerou motivos suficientes para continuar a investigação sobre possíveis violações. No dia 15 de dezembro, a ABC soube que uma delegada de inquérito, Mercedes Santamaria, havia sido nomeada para investigar o assunto e determinar se os fatos correspondem a recursos públicos ou consequências.
“Âmbito”, segundo o artigo 72.º da Lei da Actividade do Tribunal de Contas, é “o saldo devedor injustificado numa conta ou, em termos gerais, a falta de quantitativo ou de justificação nos relatórios que devem ser apresentados pelos responsáveis pela gestão de fundos ou de bens públicos, independentemente de terem a qualidade de contabilistas no Tribunal de Contas”.
As possíveis infrações começaram a ser eliminadas em abril deste ano, quando, de acordo com as ações tomadas judicialmente, que chegaram ao conhecimento deste jornal, foram constatados indícios de responsabilidade contabilística na declaração de contas públicas relativa ao exercício de 2023, aprovada pelo Plenário da Câmara de Contas na sua reunião de 28 de abril de 2025.
Em julho, tanto o Ministério Público quanto o Ministério Público consideraram necessária a apuração dos fatos. Agora eles estão pedindo um arquivo.
Em julho, tanto a Procuradoria da Câmara de Contas como a Procuradoria-Geral da República consideraram necessária a nomeação de um investigador para investigar os factos. Contudo, no dia 23 de Julho, a AECID, presidida pelo Secretário de Estado da Cooperação Internacional Eva Granadose diretor Anton Leis Garcia– forneceu uma declaração escrita de encargos e nova documentação. Mais tarde, em outubro, o procurador e o advogado do Estado solicitaram o arquivamento do caso.
O Consultor de Contas a quem o assunto foi remetido viu que a gestão económica da AECID, nomeadamente as ordens de pagamento injustificadas no valor de 21,7 milhões correspondentes ao ano de 2023, poderiam constituir a área dos fundos públicos e que deveriam ser investigadas, pelo que decidiu avançar nomeando um delegado para investigar.
Alegações da AECID
A Agência para o Desenvolvimento e Cooperação Internacional explicou o atraso nos pagamentos pelo facto de a Agência dos Negócios Estrangeiros ter “rede abrangente”, com 53 escritórios de cooperação vinculados a embaixadas e têm pessoal técnico “insuficiente”.
Lembrou que, seguindo as instruções do Tribunal de Contas, o Conselho Directivo da AECID aprovou em Março de 2014 um plano específico de verificação e aprovação de contas subsidiárias, e que no novo Estatuto da AECID aprovado no ano passado foi criada uma Sub-Direcção de Controlo Processual e Gestão de Riscos para reforçar as capacidades de controlo e monitorização para a fundamentação de contas e que as novas unidades de verificação de contas mantêm contacto directo com os gabinetes de cooperação. e embaixadas responsáveis pela administração e ordens de pagamento.
“Obviamente um número atual”
Contudo, para o Ministério Público da Câmara de Contas, estas acusações “não distorcem a realidade que justificou a abertura do processo”, segundo a ordem pela qual foi decidido avançar, a que este jornal teve conhecimento. Para o Tribunal de Contas este é um valor “obviamente relevante” (21,7 milhões de euros). As alegações da AECID, disse o órgão de fiscalização, “não fornecem informações sobre o estado de processamento dos ficheiros relevantes, a situação ou significado dos relatórios de intervenção delegada, ou as possíveis razões específicas para o incumprimento dos prazos estabelecidos para o relatório anual”.
O órgão de fiscalização argumenta que este é um número “claramente significativo” e que as taxas da AECID não são suficientes.
Segundo o tribunal, “mesmo que uma parte significativa deste volume de pagamentos injustificados, um ano e sete meses depois do período em que deveriam ter sido efetuados, responda a um simples atraso, a ambiguidade no seu conjunto não permite que a exigência de arquivamento seja considerada satisfeita”. Por isso Terceiro Departamento do Ministério Público decidiu continuar o procedimento contrariando os critérios do Ministério Público e da advocacia.
A AECID é obrigada a declarar e justificar as suas receitas e despesas ao Tribunal de Contas, o órgão de supervisão das contas públicas que audita as empresas públicas para garantir que são legais e bem geridas.
“Deficiências e violações em 2016”
Esta não é a primeira vez que o Tribunal de Contas alerta a gestão da AECID. Em 2019, o órgão de fiscalização publicou um relatório sobre as contas de 2016 (a partir do qual uma investigação aberta constatou que tinham sido transferidos pagamentos injustificados), alertando para “deficiências e inconsistências altamente significativas” nas subvenções e empréstimos de cooperação.
O órgão referiu-se ao facto de a Agência de Cooperação sofrer de deficiências como “a ausência e insuficiência de justificação económica, a apresentação de documentação comprovativa de despesas fora do prazo estabelecido, a presença de desvios na execução do orçamento das atividades subsidiadas, bem como o não cumprimento dos objetivos definidos nos projetos apresentados”. Ele também enfatizou que a base de dados de subsídios nacionais não contém informações relevantes e necessárias, tais como 391 beneficiários de bolsas de valor superior a 5 milhões de euros.
Agora a autoridade de controlo dos pagamentos efectuados pela AECID dá um passo mais além e abre um procedimento contabilístico que dá os primeiros passos. Além das alegações e da documentação já apresentada, o órgão governamental será obrigado a fornecer todos os esclarecimentos exigidos pelo auditor contábil do governo.