dezembro 11, 2025
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A escada rolante é uma daquelas invenções que parece tão natural que quase esquecemos que alguém teve que inventá-la, projetá-la e, acima de tudo, lutar pela sua ascendência. E, como nas melhores histórias, a escada rolante tem mais de um pai, e esses Os pais nem sempre se deram bem. A batalha sobre quem realmente inventou a escada rolante é uma comédia de erros, egos, patentes e sonhos desfeitos.

Tudo começou em 1859, quando Nathan Ames, um advogado de patentes de Massachusetts, registrou a primeira “escada rolante” do mundo. Mas aqui está o detalhe: seu projeto nunca foi construído. Ames morreu antes de seu sonho se tornar realidade, e sua patente permaneceu numa gaveta, como um esboço esquecido no baú da história.

Várias décadas se passaram e um jovem engenheiro chamado Jesse Wilford Reno teve uma ideia brilhante: um cinto inclinado com ripas para levar os visitantes a Coney Island, o famoso parque de diversões de Nova York. A Renault patenteou seu “transportador ou elevador sem fim”. O ano era 1892.

Sua máquina parecia mais um transportador de cavilhas do que uma escada como a que conhecemos hoje, mas funcionou. As pessoas tentaram como se fosse um passeio, e Reno se tornou o rei das subidas. Mas o seu design tinha um problema: os passageiros corriam o risco de cair porque os degraus eram lisos e não havia sistema de segurança nas extremidades.

George Wheeler, designer que nunca construiu

Enquanto Reno comemorava no parque de diversões, outro inventor, George A. Wheeler, patenteou um design mais semelhante ao da escada rolante moderna. Wheeler imaginou uma série de degraus planos movendo-se ao longo de uma faixa, semelhantes aos que vemos hoje nos shopping centers. Mas, embora o seu design fosse mais funcional, ele nunca construiu um modelo real.

É aqui que entra em cena Charles Seeberger, o engenheiro que comprou as patentes de Wheeler e as melhorou. Seeberger colaborou com a Otis Elevator Company e juntos construíram a primeira escada rolante comercial, apresentada na Feira Mundial de Paris (1900). Seeberger foi tão inventivo que até inventou o nome “escada rolante” misturando as palavras “elevador” e “pedra” (a palavra latina para “escadas”).

A Renault, a inventora do primeiro modelo funcional, sentiu-se traída. Para ele, a escada rolante era dele, e Seeberger apenas copiou sua ideia e a melhorou com a ajuda de Otis. Seeberger, por sua vez, argumentou que seu design era completamente diferente e que, além disso, foi o primeiro a criar uma escada rolante comercial e segura.

A disputa entre Renault e Seeberger se arrastou por muitos anos. Ambos se consideravam os verdadeiros pais da escada rolante e cada um tinha seus motivos. Reno teve a primeira escada operacional, mas Seeberger ficou com a escada comercial e o nome.

O papel de Otis e o fim da história

Em 1910, a Otis Elevator Company adquiriu as patentes Renault e Seeberger e combinou os seus conceitos num design melhorado. A escada rolante moderna já se tornou realidade e a batalha pela paternidade fica nas mãos dos historiadores. Renault morreu em 1947 sem receber o reconhecimento que sentia merecer, e o nome de Seeberger foi mais associado à escada rolante.

A história da escada rolante é um exemplo perfeito de como as grandes invenções raramente têm um pai. São o resultado de ideias que se cruzam, de sonhos construídos e de disputas que se resolvem ao longo do tempo. Nathan Ames, Jesse Reno, George Wheeler e Charles Seeberger são os pais da escada rolante, e cada um deles contribuiu com algo importante para que hoje possamos subir e descer shoppings, estações de metrô e hotéis sem pensar na engenhosidade por trás disso.