A auditoria do setor público de Valência vê riscos elevados no Palais des Congrès, que já sofreu duas grandes fraudes nos últimos quatro anos: quase 200.000 euros em 2024 e 21.000 euros em 2020. melhorar os controlos na contabilidade e na tesouraria.
O documento, elaborado pelos serviços jurídicos da Câmara Municipal, refere que em 2025 será lançado um novo software para fazer a contabilização e registo de faturas, sistema que a administração diz “inclui mecanismos automáticos de controlo e seguimento que permitem auditar todo o processo de faturação a qualquer momento, desde a receção de um documento até ao seu pagamento final”. No entanto, na análise de 2024, vê numerosos avisos na gestão de base da empresa, que atribui à falta de controlo nos procedimentos. Por exemplo, as funções de tesouraria são atribuídas a um especialista técnico que substitui o CFO que se encontra em baixa por doença, o que significa que “não existe uma separação adequada de funções, o que aumenta o risco de fraude ou erro”.
Entre os riscos identificados pela Intervenção ao nível das despesas está: “Não existe qualquer ligação entre as encomendas e os ficheiros contratuais a que correspondem, pelo que as encomendas podem ser feitas sem verificar se as despesas associadas foram pré-aprovadas (ou seja, nenhum contrato) ou se o valor aprovado (valor da taxa) foi excedido”. “Não recebemos nenhuma evidência de que o pessoal técnico que aprova as faturas monitoriza as faturas associadas a cada contrato para garantir que o valor da taxa não é excedido antes de o pagamento ser efetuado”, prossegue o relatório, que destaca também que existem pagamentos com cartão sem documentos comprovativos. “Os pagamentos individuais são efetuados através de seis cartões pré-pagos, sendo cinco atribuídos aos funcionários do departamento comercial e um ao diretor do departamento de administração financeira. Selecionamos sete encomendas efetuadas com fundos debitados nos cartões, em seis dos quais a organização não apresentou comprovativos de despesas que comprovem a sua concretização”, salienta.
A situação do empreendimento em 2024 e parte de 2025 é atípica e a gestão comete alguns erros. Ao expor as alegações, o gestor sublinha que nos últimos doze meses – embora a revisão remonte a 2024 – têm operado em circunstâncias difíceis. Três dos quatro diretores regionais – jurídico, financeiro e de infraestruturas – estavam de licença, “significando uma redução significativa da capacidade de gestão e supervisão”, bem como mais dois funcionários dos 22 que têm. A isto acrescenta-se que abandonaram a consultoria externa, “o que deixou a organização sem serviços contabilísticos, fiscais e de apoio laboral durante vários meses”, que tiveram de cobrir com um pequeno contrato e não tiveram “serviços em condições adequadas até ao final de julho de 2024”. Em Setembro do mesmo ano, o Centro de Conferências sofreu uma fraude de 200 mil euros.
A organização também afirma que reforçou a segurança este ano com a contratação de um novo consultor. Estamos a falar, como já noticiou o elDiario.es, da empresa Dula Auditores, cujo administrador é filho de um ex-assessor da Saplana e foi inicialmente excluído do processo por não ter certificado antifraude. O concurso público foi declarado inválido e esta exigência foi excluída no novo. O gestor do centro de convenções comenta em nota sobre as cobranças: “De acordo com as recomendações da auditoria, desde o segundo semestre de 2025, a revisão dos lançamentos contábeis foi aprimorada por meio de cruzamentos mensais realizados em conjunto entre funcionários administrativos e a consultoria externa Dula Auditores SLP, que atua como um segundo nível de controle e garante a integridade dos registros”.
As recomendações do relatório de intervenção são significativas. Para reduzir os riscos de “fraude, manipulação e rastreamento contábil”, afirma a carta, “a contabilização das faturas deverá ocorrer após verificação de seu cumprimento pelo responsável pela despesa”. Os controles de pagamento “incluem o sistema de computador que bloqueia pagamentos quando o valor da fatura difere ou excede o valor especificado nas especificações e contratos”. Exige também que sejam evitados “tanto os pagamentos duplicados como os que não foram previamente autorizados” ou que “os cartões pré-pagos estejam sempre vinculados à sua justificação” e “monitorizem as reconciliações bancárias mensalmente e não anualmente”.