novembro 28, 2025
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O estresse é a resposta natural do corpo a situações difíceis ou ameaçadoras. Embora o impacto do stress na saúde física e mental esteja bem documentado, o seu impacto na saúde oral muitas vezes passa despercebido. No entanto, o estresse também afeta a saúde bucal geral e a higiene bucal.

Em Espanha, quase 60% das pessoas afirmam sofrer de problemas de stress, especialmente entre os jovens dos 18 aos 24 anos, que apresentam um pior estado mental, segundo o inquérito internacional de saúde mental do grupo AXA publicado pelo Conselho Geral de Psicologia (INFOCOP).

Decifrando a conexão entre estresse e saúde bucal

Uma pesquisa da Biblioteca Nacional de Medicina mostra que o estresse contribui para problemas de saúde bucal, muitas vezes junto com outras doenças crônicas. O Instituto Americano de Estresse também descobriu uma forte ligação entre doenças gengivais e problemas de saúde mental. Esta manifestação de problemas dentários relacionados com o stress pode variar desde ranger de dentes e apertar os maxilares até condições mais graves, como cáries dentárias.

Que patologias orais estão associadas ao stress? Como nos conta Almudena Herrais, dentista e ortodontista, um dos casos mais comuns é o bruxismo, “uma parafunção que consiste em apertar ou ranger os dentes à noite ou durante o dia, causando dores musculares e articulares (dor, obstrução, ruído ou restrição de abertura), desgastes e possíveis fissuras ou fraturas dos dentes”.

O estresse e a ansiedade são causas importantes dessa condição, fazendo com que as pessoas cerrem os dentes inconscientemente, principalmente durante o sono. E fazem isso, segundo a Sociedade Espanhola de Disfunção Craniomandibular e Dor Orofacial (SEDCYDO), de 20% a 30% da população adulta.

O estresse também tem efeitos complexos e prejudiciais ao sistema imunológico. “O estresse pode aumentar os níveis de cortisol e reduzir a imunidade local, o que pode causar recorrência da úlcera e retardo na cicatrização após cirurgia odontológica (extração, implantação ou tratamento periodontal)”, explica Herreis.

Assim, o estresse pode enfraquecer a capacidade do corpo de combater infecções e doenças, incluindo doenças gengivais. Nos casos mais graves, podem ocorrer “manifestações neurossensoriais como neuralgia, ou manifestações psicossomáticas, ou seja, quando o paciente sente dor ou sensibilidade dentária sem motivo aparente”, alerta o ortodontista.

Estresse e má nutrição: um círculo vicioso

Para além dos efeitos fisiológicos diretos, o stress afeta a saúde oral através de alterações comportamentais, como a má higiene oral, uma vez que manter uma higiene oral regular pode ser um desafio durante períodos de stress. Essa negligência leva ao acúmulo de placa bacteriana, aumentando o risco de cáries e doenças gengivais.

O estresse também costuma levar ao aumento do consumo de alimentos açucarados e bebidas ácidas, bem como de alimentos ricos em carboidratos. De acordo com um estudo publicado no International Journal of Gastronomic Research, a tendência geral é que as pessoas sob estresse reduzam a ingestão de alimentos com baixo teor de gordura saturada e optem por comer alimentos ricos em gorduras prejudiciais à saúde. Essas mudanças na dieta criam um ambiente bucal propício à cárie dentária e à erosão dentária.

Algumas pessoas podem aumentar o uso de tabaco ou álcool como mecanismo de sobrevivência, sendo que ambos têm um impacto negativo na saúde oral. O consumo excessivo de cafeína ou álcool pode levar à desidratação oral e à diminuição da produção de saliva, aumentando assim a probabilidade de mau hálito, cáries dentárias e doenças gengivais.

Quando devemos ir ao dentista?

Existem alguns sinais de alerta que nos indicam que é hora de consultar um especialista. Esses sinais, segundo Herrais, ocorrem “quando sentimos dores na mandíbula ou tensão muscular no rosto ou pescoço, quando notamos desgaste dentário, sensibilidade ou quando obturações, coroas ou facetas quebram sem motivo aparente”.

Também é importante ficar atento a outros sinais, como “tensão muscular ao acordar, ou sensação de sobrecarga, ou se notarmos cada vez mais desgaste nos dentes”, alerta Herreis. “Se tivermos dor ou pressão difusa nos molares ou pré-molares, o ideal seria consultar um dentista para evitar fraturas ou fissuras nos dentes, bem como para evitar contraturas”, continua Herreis.

Como evitar que o estresse afete sua saúde bucal

Reconhecer os sinais de estresse e adotar estratégias para enfrentá-lo são essenciais para manter uma boa saúde bucal. Portanto, prevenir problemas de saúde bucal relacionados ao estresse exige mais do que apenas escovar os dentes e usar fio dental. Ao abordar as causas profundas do estresse e manter hábitos consistentes de higiene bucal, você pode reduzir o risco de complicações e manter a saúde bucal.

A gestão do stress diário desempenha um papel vital na proteção da saúde oral, e isto pode ser feito de forma eficaz através de atividade física ou técnicas de relaxamento. “A primeira coisa a fazer é melhorar nossos hábitos, e isso pode incluir desde prevenir a privação de sono até evitar pressão no queixo, estresse na mandíbula e nas articulações e manter o alinhamento adequado da coluna cervical para evitar sobrecarga muscular”, aconselha Herrais.

Embora a higiene oral seja muitas vezes a primeira rotina a cair no esquecimento, quando a vida se torna insuportável, torna-se ainda mais importante. Escove os dentes várias vezes ao dia com pasta de dente, use fio dental diariamente e mantenha as gengivas saudáveis, especialmente quando o sistema imunológico está sob pressão.

Também é importante “evitar chicletes ou alimentos muito duros para não sobrecarregar os músculos, o que nos ajudará a prevenir problemas”, afirma Herreis. “Se houver suspeita de abrasão, sensibilidade, dor ou sobrecarga nos dentes, é importante consultar um dentista”, finaliza o especialista.