Crianças com disforia de gênero não poderão acessar bloqueadores de puberdade em Queensland pelos próximos cinco anos, já que o governo estadual proíbe o serviço para menores de 18 anos, dizendo que “não foi testado nem comprovado”.
O governo de Queensland introduziu uma proibição temporária em janeiro para impedir que os médicos prescrevessem bloqueadores da puberdade e terapias hormonais a novos pacientes adolescentes.
Os pacientes existentes, cerca de 600 crianças, puderam continuar a ter acesso aos tratamentos, mas os mais de 400 em listas de espera não poderão fazer a transição médica.
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ASSISTA AO VÍDEO ACIMA: A decisão do governo de Queensland de continuar a proibição de bloqueadores da puberdade em jovens.
Agora, o governo estendeu essa proibição até 2031, quando se espera a conclusão de um ensaio do Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido.
“Não está comprovado ou comprovado a longo prazo”, disse o ministro da Saúde, Tim Nicholls, aos repórteres na sexta-feira.
O estado foi o primeiro na Austrália a instituir uma proibição de bloqueio da puberdade, após relatos de que serviços pediátricos de género estavam a ser prestados a crianças a partir dos 12 anos no Serviço de Saúde Sexual de Cairns, no Extremo Norte, sem apoio médico adequado ou consentimento dos pais.
Isto levou o governo a lançar uma revisão independente do protocolo de tratamento.

A revisão, liderada pela ex-psiquiatra-chefe de Victoria, professora Ruth Vine, foi entregue ao governo de Queensland nas últimas semanas para consideração.
Descobriu-se que a base de evidências é limitada para o uso de bloqueadores da puberdade em menores de 18 anos, mas à primeira vista, a droga pode “aliviar o sofrimento disfórico de gênero existente” e ter “benefícios psicossociais”.
No entanto, a terapia pode afetar a saúde óssea e a fertilidade a curto e médio prazo e pode não ser adequada para todos, concluiu a revisão.
A revisão estabeleceu três opções a considerar pelo governo: manter a proibição imposta em Janeiro, suspendê-la ou permitir a continuação do tratamento, ao mesmo tempo que reforça o controlo.


Este último foi recomendado por especialistas, que afirmaram que pode permitir “resultados benéficos para alguns jovens” e ajudar a facilitar a investigação.
Mas o governo manteve-se firme e optou por manter a proibição até 2031 porque “não está disposto a testar medicamentos não testados em crianças”.
“É do interesse das crianças e do público que a pausa continue”, disse Nicholls.


Mas a decisão do governo estadual foi criticada pelos defensores dos direitos trans, que afirmam que isso afetará negativamente os jovens que sofrem de disforia.
“Sabemos que a decisão de hoje terá impactos devastadores na nossa comunidade”, disse Necho Brocchi do Open Doors Youth Service.
O momento do anúncio, poucos dias antes do Natal, foi descrito como ainda mais cruel, visto que se trata de um período “em que as famílias e os jovens têm menos acesso ao apoio”, disse Brocchi.


O ministro paralelo da Saúde, Mark Bailey, disse que foi um exemplo de como o governo “escolheu a ideologia” em vez do aconselhamento médico especializado.
O governo de Queensland já tinha restabelecido uma proibição de bloqueio da puberdade pouco depois de esta ter sido anulada pelo Supremo Tribunal do estado, uma decisão descrita pelos defensores como “profundamente decepcionante”.
– Com AAP.