dezembro 17, 2025
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O governo anunciou que irá regulamentar a profissão dos chamados “agentes de gênero”pessoas que são responsáveis “para diagnosticar atividades que influenciam a desigualdade” ou propor novas políticas públicas feministas dentro da administração. Já em No mundo empresarial privado, os agentes para a igualdade estão normalmente envolvidos no desenvolvimento de protocolos anti-assédio ou servindo como especialistas técnicos em comissões para a igualdade. “Estes números já estão presentes nas grandes, pequenas e médias empresas e começam a aparecer no terceiro setor (fundações, associações e ONG)”, apresenta Sara Alvarez, diretora de talentos da Adecco, empresa de consultoria especializada em emprego e orientação profissional.

O anúncio foi confiado à ministra da Igualdade, Ana Redondo, desaparecida nestes dias no auge da crise devido a casos de assédio sexual que sangraram o PSOE. Segundo explicou, o Conselho de Ministros acaba de aprovar um projecto de lei que introduz uma qualificação especial (licenciatura ou mestrado) para um agente de género. Mas esta disposição servirá também para credenciar profissionalmente aqueles que já existem. A ironia é que esta figura é um agente de igualdadeespera-se que seja responsável por detectar um tipo de comportamento sexista que foram tornados públicos nos últimos dias em dentro do partido socialista e isso levou à renúncia de alguns de seus líderes. “Queremos garantir a qualidade dos serviços de igualdade”, quis sublinhar Redondo para justificar este novo projeto de lei, que deve ser aprovado pelos tribunais gerais.

“Já na época de Zapatero se confirmou que não havia disciplinas suficientes para os 4 anos de estudo do programa de igualdade”

Do ponto de vista académico, existem várias fontes que concordam que não faz muito sentido oferecer este diploma específico (4 anos, 2.400 horas). Na verdade, na época de José Luis Rodríguez Zapatero já se pensava em fazer uma licenciatura em igualdade, mas a ideia acabou por ser abandonada. “Aí descobriu-se que o tema não duraria quatro anos”, diz Rafael Ramiro, professor de gestão empresarial do Icade e consultor independente. Este especialista acredita que “basta um mestrado” e que, portanto, não faz sentido obter um diploma. “Isso pode ser problemático.. Até um curso de qualificação pode ser suficiente”, finaliza.

Ismael Sanz, diretor de educação da Funcas, fala no mesmo sentido, admitindo que o tema é mais adequado para um mestrado do que para um diploma universitário, que sempre tende a ser mais geral. “De qualquer forma, o que é mesmo importante é que o curso seja de grande qualidade, rigoroso. Precisaremos ver dados de emprego que daqui a alguns anos poderei conseguir essa profissão”, acrescenta. “Esses graduados só poderão atuar em cargos muito específicos. Isso não fecha as portas profissionais? ¿E isso não é discriminação para quem estudou relações trabalhistas ou recursos humanos“, questiona Ramiro.

São as universidades que oferecem isso, não o governo.

Há outro ponto interessante que várias fontes entrevistadas concordaram em salientar: as universidades são as primeiras a oferecer novos graus universitários, mas devem passar por um processo de aprovação e acreditação por organizações nacionais (ANECA) e regionais antes de poderem ser ensinados. Não é o governo que propõe os cursos que devem ser ministrados.

Do ponto de vista empresarial, este novo anúncio do governo representa uma mudança definitiva… protegendo esta figura nas empresas e na administração. “Em alguns anos, esses especialistas estarão mais difundidos nas empresas”, afirma o especialista do Icade. Na verdade, como lembra Sara Alvarez, da Adecco, existem até insígnias para organizações que têm agentes para a igualdade. Nesta consultoria focada em emprego e recursos humanos já está presente este número, que Alvarez resume como sendo sobre “promover a equidade” e que sem preconceito ao recrutar novos funcionáriosmas também para identificar lacunas específicas ou sensibilizar o pessoal.

“O grau de implementação não é o mesmo em todos os setores, mas com esta regulamentação fica claro que está ganhando impulso”, afirma Alvarez. Para além das consequências que tal regulamentação da profissão pode ter no futuro ou que tudo pode acabar virando fogos de artifício, o gesto de Redondo pode ser visto como uma tentativa do governo de desviar a atenção da crise interna que sofrem nos dias de hoje.

“Nós nos esforçamos para evitar intervenção profissional”

Mas o Ministro da Igualdade apoiou uma teoria diferente para justificar a sua declaração. Segundo ele, com a introdução de uma qualificação especial para agente de igualdade: “ele procura evitar intervenção profissional”bem como credenciar a formação técnica dos agentes de igualdade existentes e proporcionar segurança jurídica ao setor. Conforme explicado, haverá um período de transição de 10 anos para que a nova certificação possa ser alcançada através da demonstração de experiência no setor. Ou seja, na próxima década, a acreditação estará disponível para quem possua o grau de licenciado ou formação profissional superior na área dos estudos de género e tenha três anos consecutivos de experiência profissional neste sector (ou cinco anos consecutivos). O título profissional será concedido pelas universidades competentes.

Existe algo semelhante nas universidades espanholas? Hoje eles podem ser realizados em muitos campi espanhóis, tanto públicos quanto privados. Mestrado em Estudos de Gênero e Seus Derivados. O que nunca esteve disponível, no entanto, foram outros graus além daquele oferecido pela Universidade Autônoma de Barcelona em Estudos Socioculturais de Gênero.

Esta certificação profissional, segundo a líder da igualdade, é uma exigência histórica, uma “aspiração de longa data” tanto do setor da igualdade profissional como dos movimentos feministas. Neste sentido, lembrou que em 2011 o Instituto da Mulher iniciou um trabalho que visa reconhecer esta qualificação como agente da igualdade. Sobre o cronograma definido pelo Executivo, o ministro, acompanhado pela ex-ministra da Educação, Pilar Alegria, e pela ministra das Universidades, Diana Morant, previu que esperam que o anteprojeto “se torne realidade” no próximo ano, 2026.

Referência