Deveria ter sido em Madri. A cidade que acolheu Joaquim Sabina quando ele era um jovem que viajava “em trens imundos para o norte” e dormia “com garotas que haviam dormido com homens pela primeira vez”. Em Madrid, onde naufragou tantas noites na rua Melancolia, onde deu à luz as filhas e onde agora vive com a mulher. Madrid seria o seu último destino, por mais que lhe resistisse o sonho de despedir-se da caminhada.
Ele Arena Movistar – o antigo centro de Wizink, sempre o Palacio de los Deportes – nos últimos anos tornou-se um substituto da querida Plaza de las Ventas, de onde vieram tantas noites. nos ombros. É a mesma coisa: eles querem isso aqui tanto quanto querem lá. E em 2020, ele sofreu uma queda espetacular – caindo mais de dois metros em um buraco – enquanto atuava com Joan Manuel Serrat. No preâmbulo da pandemia. No dia em que completou 71 anos.
Em 2018, Sabina deixou o mesmo local após pouco mais de noventa minutos de show porque perdeu a voz. Em 2014, um ataque de medo do palco o forçou a deixar o palco do Wizink meia hora antes do término. “Pastara Soler me deu”– brincou para desviar a atenção do assunto.
Mas desde o seu regresso, há mais de dois anos, o estádio madrileno já não é um lugar amaldiçoado para o ubeta. Ontem à noite despediu-se diante dos seus fiéis paroquianos, que ficaram maravilhados, chorando de emoção e gritando com alguns deles. as melhores músicas da nossa língua.
Há quem defenda que a sua despedida deveria ter acontecido muito antes. Talvez, mas o que isso importa? E quanta nobreza há no gesto de se aposentar quando não lhe resta mais nada… Sabina, que anos atrás brincou com a ideia de envelhecer sem dignidade, sai pela porta da frente, com muita aprovação. Cheio de enfermidades, talvez, mas com decência como a bandeira e um terno impecável.
Menos de dez minutos depois do horário anunciado, o estádio virou um caldeirão. Chapéu-coco na mão, saudação corridal, jaqueta azul com detalhes escarlates, sapatos combinando: A última noite de Joaquin Sabina no palco. Como posso explicar o que isso significa para alguns… Para começar, Vou sair em Atocha. Quando, senão, chegará o dia das concessões?
Olá e adeusUma longa viagem que a levou pela América Latina e Espanha terminou em Madrid, e Sabina quis deixar claro desde o início que desta vez seria definitiva. “Esta noite é simplesmente chamada de adeus”– confirmou diante do público obediente. Claro, “uma despedida extremamente grata” pela recepção que o público deu às suas canções ao longo de meio século de carreira. “Eles cresceram e viajaram, e misteriosamente penetraram na memória sentimental de várias gerações. Obrigado”.
Um deles, sem dúvida, lágrimas de mármore (incluído no disco eu nego tudo). Pelo menos para os mais novos. Vale dizer agora: ninguém além de Sabina compõe hinos aos 70 anos. Ninguém… exceto Sabina.
Essa música. Um hino tardio e, se quiserem, melancólico, como foi escrito na reta final de uma vida muito vivida – “A morte de um amigo me dói mais do que aquele que me assombra” – mas, no final, um hino entoado com fúria por um estádio de mais de 15 mil almas: “Sobrevivente, caramba, sim!”. Leyva e Benjamin Prado, aliás, contribuíram.
“Este é o último concerto e o mais importante da minha vida, aquele que vou recordar com maiores emoções”, disse Sabina. É por isso que essas músicas eu nego tudo, Agora E mentiras brancascom o qual o grupo se saiu bem. O coral é um canhão e os guitarristas sabem disso. Jaime Azuarocha pura, eterna Antonio Garcia de Diego E Borja Montenegrobaixista Laura Gomes Palma, Josemi Sagaste –clarinete, saxofone, acordeão…– e Pedro Barcelóao gosto de todos.
Também houve espaço para pausas – sinal de identidade no repertório do jogador Ubeda, que tirou o pó de um baú de joias antigas para salvar um enorme Rua melancólicasegunda música!? o que ele escreveu em sua vida. Pela primeira vez, o autor entregou o refrão a uma pessoa respeitável que alegremente se mudou para o bairro da alegria e continua assobiando a bela melodia de tão bela canção.