novembro 15, 2025
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A 30.ª Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas (COP30) começou esta segunda-feira na cidade amazónica de Belém com um discurso em que o Presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou os gastos militares e apelou à utilização de recursos globais. foco em soluções climáticas.

“Realizar a COP aqui é uma tarefa tão séria quanto acabar com a poluição do planeta Terra. Numa cidade pronta seria mais fácil fazer isso, sem problemas, e decidimos aceitar o desafio”, afirmou.

O Presidente brasileiro disse ainda que o trabalho realizado para a COP de Belém deixará um legado à população local, e lembrou que a Amazónia não é uma “entidade abstrata”, mas sim um local habitado por pessoas com problemas reais.

Lula pediu um “mapa final do petróleo”, pensando em um prazo que permitiria ao Brasil explorar o que busca na Amazônia, e criticou líderes que negam o aquecimento global. “É hora de impor uma nova derrota aos negacionistas”, disse ele, referindo-se indiretamente ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump. “Eles atacam instituições, ciência, universidades”, disse ele. “É hora de dar outra derrota aos negacionistas.” Ele também lamentou a ausência dos EUA, o maior emissor mundial de gases de efeito estufa na história, da cimeira: “Os Estados Unidos decidiram não participar na cimeira enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, afirma falsamente que as alterações climáticas são uma farsa”.

O presidente também citou recentes acontecimentos climáticos extremos como prova da urgência de uma ação. “As mudanças climáticas não são mais uma ameaça do futuro, são uma tragédia do presente. “O furacão Melissa, que atingiu as ilhas do Caribe, e um tornado, que atingiu o Paraná, no sul do Brasil, causaram mortes e destruição”, disse. Lula se referia ao desastre deste fim de semana, que deixou sete mortos e mais de 400 feridos.

Eles questionam sua viabilidade

No entanto, à medida que o Brasil tenta se posicionar como líder climático, sua principal proposta, o Rainforest for Life Fund (TFFF), enfrenta resistência. Segundo o portal UOL, a Alemanha decidiu não apoiar o fundo nesta fase. O chanceler alemão Friedrich Merz deixou o Brasil sem anunciar quaisquer contribuições, e fontes diplomáticas indicaram que o modelo financeiro proposto pelo Brasil apresenta “riscos significativos”. A Grã-Bretanha também recuaria pelas mesmas razões.

A TFFF pretende angariar 25 mil milhões de dólares dos países e 100 mil milhões de dólares de investidores privados para fundos de rendimento fixo. As receitas serão distribuídas entre investidores e países que preservam as suas florestas. Mas críticos como o economista alemão Max Alexander Matthie e o seu conselheiro Aidan Hollis questionam a viabilidade do modelo porque o fundo promete dinheiro mágico com retornos constantes de 7% a 8%, o que é irrealista em tempos de incerteza financeira.

Os críticos salientam que se os rendimentos não atingirem os mínimos esperados, os países poderão perder os seus investimentos iniciais e as florestas não serão recompensadas.

O modelo precisa de melhorias

O governo brasileiro esperava um anúncio da Alemanha durante o almoço de abertura da TFFF no Leaders' Dome, mas não houve números. “Sabíamos que não haveria um número. “A Alemanha está cautelosa”, disse Anderson, um dos organizadores do fundo.

Daniel, outro negociador brasileiro, reconheceu que o modelo ainda precisa de ajustes. “Estamos redefinindo as expectativas. A meta agora é chegar a 10 bilhões em um ano para poder começar a emitir títulos. É um processo”, explicou.

Com contribuições iniciais do Brasil (mil milhões de dólares), da Indonésia (mil milhões de dólares) e da França (500 milhões de euros), o fundo ainda está longe do seu objetivo. A Noruega prometeu 3 mil milhões, mas condicionou o pagamento ao facto de o volume total de contribuições para o fundo atingir pelo menos 12 mil milhões. A Comissão Europeia e outros países ainda estão em fase de avaliação.

A COP30 decorre até 21 de novembro e as conversações centrar-se-ão no avanço de questões como a transição energética, o financiamento climático e a justiça ambiental. Mas o desafio de convencer os países ricos a investir em soluções estruturais continua a ser um dos principais obstáculos do Brasil.