Que desastre.
Já passava das 22h00 em Belém, no Brasil, quando o Ministro da Energia e das Alterações Climáticas, Chris Bowen, finalmente admitiu publicamente que, depois de uma campanha de três anos abrangendo o Pacífico e o mundo por um papel que a Austrália acreditava estar praticamente garantido, a Turquia iria acolher as conversações climáticas da COP das Nações Unidas no próximo ano.
Não só isso, a reunião crucial de líderes que tradicionalmente ocorre antes ou durante os primeiros dias de tais conversações também seria realizada em Türkiye. E como anfitrião, a Turquia nomearia o presidente da COP para liderar o evento e gerir o funcionamento do principal mecanismo multilateral do mundo para combater as alterações climáticas durante o ano seguinte, conforme as regras ditarem.
Ainda assim, Bowen, com um aspecto cinzento e abatido, estava determinado a dar um toque positivo a uma derrota diplomática completa da Austrália pela Turquia.
Os objectivos da Austrália na candidatura, disse ele, eram elevar as preocupações do Pacífico e agir no melhor interesse da nação. Para o efeito, garantiu um acordo de princípio pelo qual participaria nas conversações sob o título de “presidente das negociações”, com autoridade para definir a agenda de negociações, nomear presidentes e líderes e preparar o projeto de texto da decisão.
Uma reunião pré-COP seria realizada no Pacífico, que a Austrália usaria para intimidar os participantes para que contribuíssem para o Fundo de Resiliência do Pacífico.
Isso não é nada. Qualquer pessoa que tenha acompanhado de perto as negociações climáticas da ONU sabe que o papel daqueles que as conduzem é poderoso e significativo. O Pacífico ficará devastado pelo fracasso da Austrália, mas não rejeitará qualquer financiamento que possa ser obtido nesse fórum.
Bowen insiste que se não tivesse pestanejado e se a reunião tivesse regressado à sede climática da ONU em Bonne, o resultado teria sido uma reunião sem rumo, na qual a Austrália e o Pacífico não teriam qualquer controlo.
“Algumas pessoas ficarão desapontadas com esse resultado”, disse ele aos repórteres durante uma pausa nas negociações em curso em Belém.