Numa semana chave para o futuro procurador-geral do estado, Alvaro García Ortiz, enquanto o julgamento do vazamento de segredos é considerado para um veredicto, o ministro Félix Bolaños mostrou prudência e pediu “paciência”. “Agora é o momento de confiar na justiça, de confiar na segunda câmara (do Supremo Tribunal) e de ter um pouco de paciência para sabermos a decisão”, limitou a sua avaliação quando questionado se o governo continuará a apoiar Garcia Ortiz, como tem feito até agora, caso ele seja considerado culpado.
À chegada à Comissão de Justiça do Congresso, que trata, entre outros assuntos, da reforma da lei processual penal, que já tinha sido aprovada pelo Conselho de Ministros em outubro, Bolaños referiu ainda nos meios de comunicação social a estabilidade da legislatura depois de Younts ter vindo em auxílio do governo, rejeitando esta quinta-feira a proposta do PP para cancelar a data de encerramento de três centrais nucleares e o relatório da Procuradoria-Geral do Tribunal de Justiça da União Europeia (TJUE), que aprova a lei de amnistia.
Para o chefe de justiça, o resultado da votação do dia anterior no plenário do Congresso, quando também foram aprovadas duas leis executivas graças ao apoio dos junts – que já tinham deixado estas normas para além de as violarem – tem sido o “cartão de visita” do governo desde 2018, quando o PSOE chegou ao poder. “Temos de dialogar, temos de falar, temos de negociar com todas as facções parlamentares, com os Yunts e com o resto.” O objetivo do governo, acrescentou, é “continuar a avançar com leis que melhorem as condições de vida dos trabalhadores e dos cidadãos”. Limitou-se ao que disse quando questionado se acreditavam que as coisas poderiam ser mais simples a partir de agora, inclusive com o relatório do procurador-geral da UE.
Nesta ocasião, Bolaños lembrou que o regresso de Puigdemont “não depende do governo”, mas sim do Tribunal Constitucional, que deverá tomar uma decisão nos próximos meses, mas saudou o anúncio europeu. “Ontem foi dado um passo muito importante na aprovação final da lei de amnistia para todos os efeitos. Sempre dissemos que a lei é constitucional e está em conformidade com o direito europeu (…), que diz que devemos aguardar a decisão do TJUE.” O ministro acusou o PP de avaliar as conclusões do procurador-geral. “Recomendo ao Partido Popular que leiam antes de falar e pensem antes de falar porque assim evitariam o constrangimento que tiveram de enfrentar ontem por expressarem uma opinião absolutamente distante do que disse o Procurador-Geral do Tribunal.”
Bolaños reiterou que a lei de anistia foi aprovada para “garantir a coexistência” na Catalunha. “Os objetivos desta lei já foram alcançados, a normalização sócio-política institucional na Catalunha é um facto”, afirmou.
Já dentro da comissão e diante das críticas desencadeadas pelo novo Lekrim, que ainda não haviam sido abordadas no Congresso, Bolaños apoiou a atuação do seu departamento. “Não estamos preparados para narrar problemas de justiça. A reforma é sempre mais difícil do que não fazer nada; os críticos recebem muito menos.”