A poucos passos da estação do teleférico Vasco de Quiroga, na prefeitura de Alvaro Obregon, na Cidade do México, o Paso Florentino começa com uma ligeira subida que se alarga até cerca de 50 metros. Depois disso, continua por 100 metros, que gradualmente começam a declive até chegar à esquina com a rua Paso Real; A partir daqui, os próximos 120 metros inclinam-se de cerca de 40 a 55 graus. Este trecho foi apelidado de “Canto do Diabo” devido aos repetidos acidentes que acontecem com os carros enquanto descem. O último incidente ocorreu na noite desta quarta-feira: um caminhão que transportava refrigerantes perdeu o controle em uma ladeira, uma das laterais bateu na casa 69 da referida esquina e, com o impacto, a traseira do carro colidiu com a parede de outra casa abaixo, na qual foi criado um enorme buraco. “Eu não estava lá, só meus tios idosos”, disse Rodrigo Ramos Rivas, morador da casa com a parede danificada. “O impacto do dia aberto foi muito forte.” Alguns vizinhos que testemunharam inúmeros acontecimentos pediram às autoridades que encontrassem uma solução, mas esta não aconteceu.
Há pelo menos 30 pessoas na rua. Alguns deles são funcionários da prefeitura e trabalhadores que limpam os escombros, outros são vizinhos. No meio da encosta está Paso Viejo, uma pequena rua que liga Paso Florentino a Paso Mayor, que também tem uma inclinação alarmante. Ali, no “canto do diabo”, fica a casa número 65. É de cor amarela com duas largas faixas horizontais vermelhas no toldo e ao nível do solo. Dona Josefina Santana Rodriguez mora aqui.
“Dissemos para ela se mudar para nosso flat lá embaixo, mas ela não quer. Ela já é uma mulher adulta. Tem mais de 90 anos”, diz Maria Angélica, uma de suas filhas. “Um dos vizinhos me ligou ontem à noite e me disse para ir ver minha mãe porque houve um acidente muito grave. Foi minha filha quem me mostrou o vídeo.” Porém, Maria Angélica só foi na manhã seguinte porque, segundo ela, já era tarde.

Algumas fitas impedem que os veículos passem atrás do Edifício 65. Alguns trabalhadores estão tentando derrubar parte do asfalto onde estão embutidas as barreiras de ferro amarelo que a Sra. Santana Rodriguez instalou como proteção. O barulho se destaca. “Nós os cimentamos ali, em vez de sobrepô-los”, disse Ruben, também filho de Santana.
Cercas sobrepostas fornecem uma espécie de grade nas calçadas. Dona Santana se considera sortuda por a casa não ter sofrido grandes danos estruturais. Embora parte da cobertura e da calçada com degraus para ajudar os pedestres a subir e descer sem risco de escorregar estejam rachadas ou destruídas.
Apesar das trinta pessoas, da fita bloqueando a rua e dos caminhões onde o lixo foi despejado, os carros continuam saindo e fazendo curvas em Paso Viejo. “Isso não pode estar acontecendo com essas pessoas”, diz um vizinho com um cachorro Chihuahua enrolado em um cobertor e nos braços da mulher. Cerca de sete vizinhos, incluindo Ruben, reuniram-se e discutiram a causa do problema. Dizem que tudo começou há 15 anos, quando o asfalto foi trocado.
Os outros reclamam dele e dizem: não, isso foi há 10 anos; outros – oito. O que eles concordam é que a calçada faz com que os carros derrapem. “E quando começa a chover fica ainda pior”, disse Fernando Ramirez Lopez, morador de Paso Mayor, rua paralela àquela onde ocorreu o recente acidente. Ele conta que há cerca de 40 anos um carro subia um morro, mas não conseguiu avançar e caiu na lateral da calçada. “O carro esmagou a menina ao meio. Ela passou por 13 operações no quadril, mas morreu”, disse ele, embora este jornal não tenha encontrado dados oficiais. Ramirez Lopez, professor de artes marciais mistas, diz humildemente que o governo se esqueceu deles. “Não sei porquê, mas eles não se importam connosco. Talvez seja porque somos da classe trabalhadora, mas não somos menos importantes.”
Ramos Rivas aguarda a chegada da seguradora que, segundo a prefeitura, fará os reparos na casa. Enquanto isso, ele cobriu o buraco com uma grande lona preta. O prefeito trouxe várias tábuas de compensado, mas o sobrinho do velho ferido não precisava delas. Ruben, filho de Dona Santana, diz que se aceitar eles nunca mais virão consertar o buraco. “Escute, tire algumas fotos aqui para ver como eles deixaram tudo lindo”, zomba Ruben.