dezembro 9, 2025
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Hoje completo 80 tacos e ainda não entendi bem o que isso significa. Cresce a sensação de que o aniversariante é outra pessoa, e não aquele que estou observando secretamente. É a dissociação entre continente e conteúdo que nos transforma em espectadores do nosso própria vida. Sentado na primeira fila de uma peça cujo roteiro, para o bem ou para o mal, foi escrito por alguém desconhecido. Com expectativa e frustração, esperamos pacientemente para ver o que há de emocionante no futuro da série e como o ator consegue manter a atenção e o interesse da equipe. Esta dissociação entre corpo e mente, observador e observado, em que caímos lenta mas inexoravelmente, que nos permite distanciar-nos da decrepitude de um corpo cada vez mais danificado, é um mecanismo maravilhoso que, se não funcionasse bem, nos levaria a uma situação inaceitável. Enquanto a consciência, essa capacidade de perceber a própria existência, pensamentos, emoções e sensações, permanecer inalterada ao longo do tempo, o que ela nos traz pode tornar-se suportável, até interessante, embora para alguns mais do que para outros, não haja dúvida disso. Tudo dependerá da capacidade de recusar e aceitar o papel de observador que a vida nos oferece neste momento. O tempo dos protagonistas já passou e não há outra escolha senão aceitar papéis coadjuvantes com humildade franciscana. Nossa maior aspiração deveria ser permanecer despercebida. Que a nossa presença se dilua e, sobretudo, que nos deixem à nossa própria sorte, aparentemente estúpidos e ignorantes. Que apesar de nos tornarmos cada dia mais inúteis, pretendemos desaparecer, tornar-nos invisíveis, para que quando iniciarmos a viagem sem volta, o pequeno mundo que deixamos para trás não desmorone e tudo continue igual, mesmo que tenha mudado. Dizem que ninguém morre completamente se for lembrado, mesmo que brevemente. As boas ou más ações que lembramos ao longo dos anos serão a única prova de nossa existência, por isso esperamos que sejam lembradas com favor.

Manuel Soriano. Valência

Mais uma ótima noite!

Ontem à noite, 7 de dezembro, fiz uma peregrinação de Moncloa a Atocha – Basílica de Maria Auxiliadora – para a Vigília Noturna da Imaculada Conceição. Ao ver tantas multidões nas ruas, como no Evangelho, “como ovelhas sem pastor”, lembrou-se da famosa canção de Rafael “Esta poderia ser a minha grande noite!” E foi Ele quem dissipou as trevas pela obra e graça do Espírito Santo, iluminando com uma estrela radiante: Imaculada, Todo-Santo, Sem Pecado. Graças a Ela o pecado não tem a última palavra, o mal foi derrotado, o desespero tornou-se Esperança. E tudo porque através do seu “Sim”, como diz o lema desta vigília e cantamos durante toda a cerimónia, ele nos colocou ao lado do seu Filho. Obrigado, com a sua presença alegre você nos aproximou o Natal.

José Antonio Benito. Madri.

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