dezembro 30, 2025
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O ato de cuidar é, por sua natureza, um dos experiências mais profundas e necessárias vida. Porém, no dia a dia, torna-se uma corrida de longa distância que exige uma enorme gestão emocional e social, muitas vezes invisível. Esse esta é a perspectiva que ele oferece Amanda Hernándezpsicóloga do grupo de atenção psicossocial do Hospital Fundação Jiménez Díaz, profissional que dedica seu trabalho ao acompanhamento de quem cuida, em muitos casos através da Escola de Enfermagem da Fundação La Caixa.

A trincheira emocional do cuidador

“Ser enfermeira é carreira de longo prazo que exige muito esforçohá muitas emoções de desamparo, cansaço, mas acima de tudo implica também muito amor”, explica Hernandez. 85% dos que participam de semináriosmuitas vezes de 50 a 60 anos.

A psicóloga esclarece que a carga emocional está fora dos gráficos: A doença faz com que os cuidadores se sintam vulneráveis, irritados e injustos, e eles se perguntam por que isso tem que acontecer com o seu familiar. impotência e culpa São, de facto, a carga emocional mais comum gerada pelo desejo de “conseguir tudo” e pela exigência de não cometer erros, aliada à constante incerteza quanto ao futuro.

O esgotamento não é apenas um fenómeno psicológico; É um fenômeno profundamente social e físico. Os cuidadores devem equilibrar a prestação de cuidados com o trabalho e outras responsabilidades familiares e, por vezes, têm de abdicar das suas próprias atividades. É pressão se manifesta no nível físico com problemas como falta de sono, taquicardia ou distúrbios alimentares, demonstrando que o cuidado afeta muitas áreas da vida.

Informações e ajuda

Diante do impacto de uma doença que irrompe na vida de um familiar “da noite para o dia”, sem preparação prévia, informação e apoio tornam-se vitais. “Ter informação reduz muitas incertezas, e a possibilidade de estarmos acompanhados por profissionais e pelo ambiente emocional é o que pode nos ajudar”, afirma o especialista.

É aqui que o projeto “Escola de Cuidadores” da Fundação La Caixa oferece uma rede de apoio fundamental. Hernández destaca que com seus seminários a Escola “dá uma grande contribuição porque Eles fornecem conhecimento, informações e um local para facilitar para os cuidadores, reduzindo muita incerteza e trazendo alívio para as famílias.”

As oficinas ministradas por Amanda Hernandez focam no aspecto psicológico, ensinando aos cuidadores como cuide-se para poder continuar cuidando de si mesmoe enfrentar os desafios dos cuidados para doenças crónicas tardias ou em fim de vida.

O sentimento dos participantes ao visitar estes espaços é de alívio e gratidão, uma vez que eles se sentem compreendidos e apoiadosnão só para uma equipe de profissionais, mas também para colegas que se encontram na mesma situação.

Mitos destrutivos e perda de rosto

A psicóloga também aborda dois dos equívocos mais arraigados que emergem dos workshops. Por um lado, sentindo-se traído se reservarem um tempo para si mesmosmito que o psicólogo combate ao enfatizar que o descanso e o autocuidado são necessários para que o cuidado permaneça eficaz. Por outro lado, o sentimento de abandono que surge da afirmação de que o local de residência é “mais uma forma de cuidar” quando um familiar necessita de cuidados multidisciplinares e atendimento domiciliar não é mais eficaz.

Outro tema importante abordado é o luto antecipado: “Ele surge quando vivenciamos uma perda, quando vemos que Nosso familiar não é mais o mesmo de quem lembrávamos.o que leva à perda de habilidades e funções… Vivenciamos a perda antes da morte”, explica.O trabalho é validar essa tristeza como uma emoção normal e ajudar o cuidador a se conectar com seu familiar de uma forma diferente, por meio da presença.

Ao falar sobre o fim do caminho, quando a pessoa cuidada morre ou é detida, Hernandez descreve como duelo duplo. Não só o familiar se perde, mas o cuidador também perde seu papel, sua rotina diária e até mesmo as relações sociais que estabeleceu durante o processo. “Significa acompanhamento e integração dessa perda”, resume.

A importância de parar e sentir

Ele bem-estar emocional do cuidador Para Hernandez, esta é “a chave do cuidado”, pois impacta diretamente a comunicação, o gerenciamento do estresse e a qualidade do atendimento oferecido.

Para quem está iniciando esse caminho, seu principal conselho é claro e de princípios: “Antes de tudo, permita-se sentir e informar-se. A informação tira muita incerteza da gente”, explica o psicólogo, que ainda ressalta que é fundamental se cercar de profissionais e de um ambiente conhecedor. acompanhar no processonunca esquecendo que é importante ter momentos de descanso que nos permitam desligar do cuidar porque “vai ajudar-nos a continuar a cuidar”.

Referência