O Conselho do Congresso, cuja maioria é PSOE e Sumar, aceitou na terça-feira à noite uma carta de dissidência que o governo apresentou contra a alteração que o PP aprovou no Senado para reduzir o IVA sobre carne, peixe, conservas, leite e ovos e cuja ratificação deveria ser votada esta quinta-feira em sessão plenária.
A medida foi introduzida no âmbito da revisão da Lei do Atendimento ao Cliente e reduziu o IVA sobre carne, peixe e conservas para 4% entre 1 de janeiro de 2026 e 30 de junho, e também eliminou o imposto sobre leite, queijo, ovos, frutas, legumes e legumes para o mesmo período.
O governo já tentou vetar a alteração à Lei de Atendimento ao Cliente no Senado, usando o poder que lhe é conferido pela Constituição para impedir a tramitação de qualquer legislação que possa “aumentar os empréstimos ou reduzir as receitas orçamentais”. O Executivo defendeu que esta medida significaria uma perda de recursos da Administração Geral do Estado no valor de 3.780 milhões de euros.
Veto do Senado ignorado
No entanto, a Câmara Alta do Senado é dominada pelo PP, que ignorou a carta de desacordo, pelo que a alteração continuou a tramitar parlamentarmente na Câmara Alta sem problemas e foi aprovada em sessão plenária.
Até chegar ao Congresso, onde o governo vetou mais uma vez esta alteração, alegando as mesmas razões orçamentais. Mas desta vez a mesa da Câmara é dominada pelo PSOE e Sumar, e o veto foi adotado após reunião realizada após o plenário.
A Câmara já vetou diversas vezes alterações aprovadas pelo Senado nesta legislatura, como foi o caso da Lei do Desperdício Alimentar ou da Lei da Navegação Aérea. Em ambos os casos, o Senado abriu um conflito de autoridades, cuja decisão final caberá ao Tribunal Constitucional.