A mais recente tentativa de lançar uma campanha antiextorsão no México encontrou vento favorável no Senado mexicano, que aprovou esta quarta-feira, em grande parte, por unanimidade, várias alterações importantes ao projeto apresentado pela Câmara dos Deputados. As alterações atrasaram a implementação da Lei Geral de Prevenção, Investigação e Punição de Crimes Relacionados com Extorsão, enviada em outubro pela Presidente Claudia Sheinbaum, mas em vez disso a tornaram mais rigorosa. A nova lei estabelece a homologação do crime para que ele possa ser processado nas 32 entidades constituintes do país e investigado de ofício, ou seja, sem a necessidade de denunciante totalmente identificado. Senadores oficiais e da oposição pediram punições mais duras para os extorsionistas, com pena máxima de reclusão de 42 anos, dependendo de trinta agravantes, na sua opinião. A Câmara Baixa, por voto oficial e oposição contra, reduziu as sanções contra todos os alegados crimes. Estes incluem o direito de expressão, uma taxa cobrada por gangues criminosas para permitir que as empresas operem sem impedimentos, o que afeta negócios e serviços, transporte e distribuição de mercadorias, médias e grandes empresas, governos municipais e vendedores ambulantes. O mesmo aconteceu com supostos acidentes de trânsito conhecidos como Montahawks e ligações forçadas das prisões.
O bloco de oposição foi ouvido na segunda volta do processo legislativo. As reivindicações dos membros do PAN, dos membros do PRI e dos Emecistas, que desde o início do debate em Outubro alertaram para penas brandas para um crime que atingiu duramente todos os sectores do México e está a crescer exponencialmente, foram apoiadas por uma maioria no Senado. A pena mínima varia de 15 a 25 anos, com circunstâncias agravantes aumentando o prazo para 42 anos. No texto anterior variava de seis a 15 anos. As penalidades contra funcionários (polícia, ministérios, diretores de prisões, etc.) que não denunciam crimes de extorsão conhecidos também foram alteradas. A proposta original de Sheinbaum, que previa pena de prisão de 10 a 20 anos, foi restaurada em vez dos prazos de 5 a 12 anos aprovados pelos deputados.
O partido governista Morena, PT e PVEM, bem como o bloco de oposição formado por PAN, PRI e Movimento Cidadão (MC), votaram quase sem negociação. A unanimidade quebrada na Câmara foi restabelecida esta quarta-feira. A nova norma, classificada como parte da Estratégia de Segurança Nacional, alcançou a unidade, ainda que de curta duração, entre os dois blocos do país. “Queremos reconhecer que essas mudanças mudam fundamentalmente as nossas preocupações”, disse a senadora emecista Alejandra Barrales.
A falta de orçamento atribuído à tão conhecida cruzada do governo Sheinbaum contra a extorsão foi o aspecto mais cáustico do debate. “Se não garantirmos recursos suficientes para implementar, monitorizar e processar crimes de extorsão, esta continuará a ser uma lista de boas intenções”, disse Guadalupe Murguía, membro do PAN. A nova lei não considera necessários recursos adicionais. Isto pôs em causa a viabilidade das directrizes que, entre outras coisas, prevêem a criação de unidades especializadas no Ministério Público. Consequentemente, a bancada do PRI posicionou-se na mesma direção. “A polícia e os ministérios do governo precisam ser fortalecidos. Queremos que esta lei funcione, e funcionará melhor se for investido dinheiro nela”, concluiu Carolina Viggiano em nome do PRI.
O Senado começou a debater reservas ou mudanças de opinião de legisladores de todo o espectro parlamentar, sem previsão de aprovação de novas alterações. O projeto será devolvido à Câmara dos Deputados, onde darão luz verde às mudanças aprovadas nesta quarta-feira, segundo Ricardo Monreal, coordenador do Colégio Morena de São Lázaro.