Embora hoje tenhamos um conceito mais profundo de ver os cães como membros da família, na Idade Média e no início dos tempos modernos eles também ocupavam um lugar importante na vida daqueles que cuidavam deles, tanto em casa como em atividades como a caça. A historiadora e autora Kathleen Walker-Meikle, autora de vários livros sobre animais na Idade Média, compilou extensa documentação sobre animais domésticos do período, mostrando que embora haja poucas referências aos cuidados gerais com os animais, há evidências os nomes que receberamum aspecto que revela o valor emocional que lhes foi atribuído.
Kathleen Walker-Meikle, cuja tese de doutoramento na universidade se concentrou na posse de animais de estimação no final da Idade Média, explica que a documentação mais extensa de animais domésticos desse período envolvia cães, em vez de gatos ou outras espécies. Arquivos nobres, como os da família Gonzaga em Mântua, na Itália, registravam não apenas detalhes de cuidados e adestramentos, mas também os nomes dos cães, uma raridade nas fontes da época. Estes dados permitem-nos avaliar a dimensão emocional que os cães vivenciam para com os seus donos e os cuidados diferenciais que recebem.
Cães e nomenclatura medieval
Na Inglaterra, os nomes dos cães eram variados e refletiam as características físicas, comportamentais ou mesmo a curiosidade dos animais. Exemplos documentados incluem Robusto, Whitefoot, Hardy, Jake, Bo e Terry. Ana Bolena, esposa do rei Henrique VIII, tinha um cachorro chamado Purkoyderivado do francês purquoiso que reflete sua natureza curiosa. Geoffrey Chaucer, em um de seus Contos de Canterbury (1390), menciona três cães: Collet, Talbot e Gerland.
No campo da caça, Eduardo de York, autor do livro Mestre do jogo No início do século XV ele incluiu uma lista de 1.100 nomes adequados para cães de caça, como Troy, Nosweiss, Friendly, Nameles, Clensch, Bragge, Ringwood e Holdfast. Na Suíça, no festival de caça de 1504, foram inscritos 80 cães participantes, cujos nomes incluíam Vênus, Fortuna e Turkdestacando Primeiro (Príncipe) como o mais popular. Alguns nomes refletiam a ocupação de seus proprietários, por exemplo: Hemmerli (Martelo) pertencia a um mecânico, e Speichli (Liedecita) pertencia ao motorista.
Na Itália, a nobre família Gonzaga documentou o cuidado com seus cães e deu-lhes nomes. Ludovico III Gonzaga tinha pelo menos dois cães. Rubino e Bellinae ordenou, após sua morte, enterrar Rubino em um caixão com lápide. Isabelle de Este, sua contemporânea e também figura mântua, possuía vários cães pequenos, incluindo Aura e Mamia.
Na França, o cavaleiro do século XIV Jean de Lescourel tinha um cachorro chamado Parseval e sua esposa, um cachorro chamado Diamante. Durante o Renascimento, Leon Battista Alberti mencionava regularmente o seu cão nas suas obras. Megastom (Big Mouth), refletindo interesse pessoal e emocional em nomes de animais de estimação.
Mesmo em Fontes árabes do século 10 Existem referências a nomes de cães, por exemplo Mookelogiado em um poema em que desejava que o animal fosse libertado de todos os infortúnios e sofrimentos. Estas referências mostram que o costume de nomear cães e atribuir-lhes uma identidade não era exclusivo da Europa Ocidental ou da nobreza.
Lista de nomes documentados
Graças à pesquisa de Kathleen Walker-Meikle e outros como David Scott-McNab, que examinou manuscritos como Os nomes de todas as raças de cães de caça (1460-1480), numerosos exemplos de nomes de cães medievais sobreviveram, incluindo:
- Artus
- Balbina
- Bellina
- Bembino
- bom
- Borgeto
- Tribunal
- Maldito
- Diamante
- Família
- Sorte
- Furstli
- Gardiner
- Gerlândia
- Hapeguy
- Resistente
- Hemmerli
- Jake
- Lakhne
- Mamelo
- Megastom
- Melezinn
- Mignone
- Senhor
- Mopsulo
- pugsus
- Orsina
- Petitcraiu
- Purkoy
- Rubino
- Safir
- Cetim
- Soldã
- Speichli
- Tirol
- Forte
- Terry
- turco
- Vênus
- Viola
- Violino
- de pés brancos
- preocupações
A variedade e a atenção aos detalhes nas entradas indicam o que os cães gostaram estatuto diferenciadocom nomes que possam refletir seu caráter, aparência, função ou até mesmo a criatividade e senso de humor de seus proprietários. Pode não ser tão difícil descobrir quais nomes eles usavam para seus animais de estimação, mas graças a essas fontes podemos ver os valores e emoções da sociedade medieval em relação aos seus companheiros de quatro patas.