dezembro 19, 2025
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O Conselho de Estado opôs-se à proposta de remuneração da rede eléctrica desenvolvida pela Comissão Nacional de Mercados e Concorrência (CNMC). Segundo fontes familiarizadas com a situação, o órgão consultivo, presidido por Carmen Calvo, elaborou um parecer jurídico questionando a validade da circular sobre a metodologia de remuneração.

O problema não é trivial, pois se este parecer for adotado, a CNMC não terá margem de manobra para correção e esta circular poderá permanecer inválida, pois se não for aprovada até 31 de dezembro, a metodologia atual será a que será prorrogada por mais seis anos. A gravidade do problema obrigou a CNMC a convocar esta sexta-feira uma reunião plenária extraordinária, na qual terá de decidir o que fazer.

O parecer do Conselho de Estado é vinculativo, pelo que a CNMC não é obrigada a ter em conta as suas conclusões e pode aprovar a circular após ouvido o órgão consultivo. No entanto, pela primeira vez sobre esta questão, o Conselho de Estado manifestou “objecções substanciais”, o que torna quase impossível aprovar a proposta sem as ter em conta. Estas objeções indicam que a CNMC pode estar a intrometer-se nos poderes do ministério ao questionar o aumento dos limites de investimento proposto pela Transição Verde. Outra questão importante é que o risco de procura não pode ser adicionado a actividades reguladas como a distribuição de electricidade, como fez a CNMC.

O parecer foi aprovado esta quarta-feira e já foi enviado à CNMC, que deverá avaliá-lo na íntegra e tê-lo em consideração antes da aprovação final das circulares remuneratórias. Os dez conselheiros da CNMC terão que tomar uma decisão: ou cancelar a circular metodológica ou avançar sem ter em conta o parecer do Conselho de Estado com a proposta original. A decisão veio depois que as empresas elétricas envolvidas no caso apresentaram acusações. Já há conselheiros que descartam a possibilidade de avançar contra a vontade do Conselho de Estado devido ao cenário de insegurança jurídica e litigiosa que irá ocorrer.

Fontes entrevistadas indicam que a decisão do Conselho de Estado é altamente incomum. Neste sentido, acrescentam que se as suas recomendações forem tidas em conta, será impossível corrigir a presente circular; terá que ser devolvido aos serviços técnicos para que possam preparar uma nova proposta. Algo impossível apenas doze dias antes de 31 de dezembro. Já foi reconhecido que não há tempo para devolvê-los às audiências públicas. Poderia ser explorada uma posição provisória para tentar salvar a circular, e isso terá de ser explorada na reunião plenária extraordinária desta sexta-feira, mas os serviços técnicos parecem ter muita dificuldade em mantê-la.

Já em relação à taxa de remuneração financeira (TRF), outra circular que deverá ser aprovada antes do final do ano, as considerações são mais simples. Embora existam objeções, elas são menores, portanto não houve nenhuma controvérsia particular aí.

As recompensas da rede geraram intensa oposição entre as concessionárias de energia elétrica e a CNMC. As empresas proprietárias de linhas de distribuição de electricidade (principalmente Iberdrola, Endesa EDP e Naturgy) consideram que este fornecimento não é suficiente para os investimentos necessários para evitar estrangulamentos no desenvolvimento industrial e económico de Espanha.

Pelo contrário, o regulador considera adequada a remuneração paga por todos os consumidores nas faturas de eletricidade e acredita que os aumentos excessivos têm um efeito inflacionista, prejudicando o bolso dos cidadãos e a competitividade das empresas.

A questão tem causado divergências com outros actores relevantes, como o Ministério da Transição Ecológica, que também produziu um relatório no qual considera que a proposta da CNMC não cumpre parcialmente as directrizes da política energética e não aborda adequadamente o risco de procura que a nova proposta representa, noticiaram estes meios de comunicação. No entanto, o departamento, liderado por Sarah Aagesen, poderia ter aumentado ainda mais a aposta, convocando uma Comissão de Cooperação, um fórum para defender o seu caso, e rejeitou esta possibilidade, considerando que as diferenças não eram suficientemente amplas.

O tratamento das circulares de remuneração também gerou discrepâncias dentro da CNMC. Dois vereadores (Josep Maria Salas e Maria Jesús Martín) decidiram votar contra a proposta. Atualmente, na reunião plenária da CNMC estão quatro conselheiros mais favoráveis ​​às teses do Ministério da Transição Ambiental e das empresas de energia elétrica, cujos interesses coincidem mais ou menos nesta questão. Por outro lado, existem seis assessores para a proposta que os serviços técnicos prepararam, pelo que não se prevêem a priori quaisquer progressos sérios.

No entanto, a aprovação da nova circular metodológica sem ter em conta as recomendações legais do Conselho de Estado fortalece ainda mais as reivindicações contra a CNMC. Já em 2019, as empresas eléctricas interpuseram vários recursos remuneratórios no Tribunal Nacional, cujos litígios ainda não foram resolvidos.

Referência