dezembro 10, 2025
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A Espanha é um dos países mais desiguais da União Europeia. Segundo lugar em desigualdade de riqueza, depois da Alemanha. Também para a pobreza infantil, depois da Bulgária, de acordo com o Eurostat e a Rede Europeia de Acção contra a Pobreza. Este panorama teria sido muito mais dramático sem a intervenção governamental. A segurança social, e especialmente as pensões do Estado, são uma poderosa máquina de redistribuição de rendimentos em Espanha. As pensões do Estado são responsáveis ​​por 60% da redução da desigualdade.

Segundo o estudo, as pensões do governo também estimulam a produção, o emprego e geram retornos financeiros significativos. As pensões como motor do crescimento. Uma abordagem ao caso espanhol baseada no supermultiplicador Sraffiano.Professores Eladio Febrero e Fernando Bermejo da Universidade de Castilla-La Mancha, publicado na revista Revisão da Economia Política.

A existência de tal mecanismo social nuclear na sociedade espanhola é o resultado de uma longa história de leis que começou em 1900 com as leis sobre acidentes de trabalho e reforma compulsória dos trabalhadores (1919). Normas que foram desenvolvidas com novas disposições, especialmente as leis da democracia que criaram o INEM, o INSALUD, o INSERSO e a universalização da saúde pública em 1986, promovida pelo ministro Ernest Lluch, morto pela ETA 14 anos depois. Algumas mudanças na legislação foram facilitadas por inúmeras mobilizações e intensas lutas sociais.

De todas estas reformas, a mais importante foi sem dúvida o Pacto de Pensões de Toledo de 1995, no qual o Ministro do Trabalho e da Segurança Social, José Antonio Grignan, desempenhou um papel fundamental. O ex-secretário-geral da Previdência Social Octavio Granado fez uma excelente apresentação do Pacto de Toledo em A singularidade de um estabelecimento espanhol (Fedea), que destaca o contínuo consenso social (sindicais e patronais) e político que tornou isto possível. Granado aprecia o consenso, destacando que “a falta de capacidade para chegar a estes acordos causou uma verdadeira crise institucional em outros países”.

Neste contexto, assistimos mais uma vez a um refrão que se repete há 40 anos sobre a insustentabilidade ou falência das pensões do Estado. Esta é uma farsa infundada que se espalhou. Muitos jovens acreditam que não terão pensão. A investigação sobre pensões tem um duplo significado. Por um lado, podem ser úteis para adaptar o sistema estatal às novas realidades do envelhecimento da população e à necessidade de aumentar a produtividade.

Contudo, há outra mensagem, mais banal, que sugere a conveniência de criar um sistema privado baseado na capitalização da poupança. Um modelo que deveria ter sido abandonado após o fracasso do Chile. A inviabilidade das pensões privadas é muito mais clara. Segundo Funcas, o que acontece com os 32% de domicílios que não conseguem poupar?

O sentido prático exige um esforço para preservar as pensões do Estado, cujo valor é indiscutível. Teremos que procurar os consensos necessários e não nos deixar distrair por miragens.