dezembro 19, 2025
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Arquivo – O primeiro-ministro da Bélgica, o nacionalista flamengo Bart de Wever, durante uma conferência de imprensa após a reunião do Conselho Europeu em março de 2025.

– FREDERIC SIERAKOWSKI / CONSELHO DA UE – Arquivo

BRUXELAS, 18 de dezembro (EUROPE PRESS) –

O primeiro-ministro belga, Bart de Wever, alertou pouco antes do início de uma cimeira da UE em Bruxelas que ainda não estavam reunidas as condições para reverter a sua recusa em utilizar a liquidez dos activos russos congelados em solo belga para financiar um empréstimo de reparação à Ucrânia de pelo menos 90 mil milhões de euros para cobrir as necessidades financeiras e militares dos próximos dois anos.

“Posso dizer que todos os interlocutores com quem falei ao telefone entendem que as nossas condições são razoáveis, que isto não é sabotagem. Eles sabem que isto é construtivo, que é razoável, que não estamos a falar de perturbar o empréstimo de reparação ou de sabotar a Europa”, explicou De Wever à comissão parlamentar de assuntos externos do parlamento belga.

“Ainda não vi um único texto que me convencesse a mudar a posição da Bélgica. Espero vê-lo hoje, mas ainda não chegou”, observou na sessão o político flamengo e líder do N-VA, que continua a defender o não recurso à liquidez dos activos imobilizados pelas sanções da UE e a prestação de assistência urgente a Kiev através da emissão de euro-obrigações garantidas pelo orçamento da UE.

O líder ultranacionalista agradeceu o amplo apoio das forças políticas na Câmara dos Representantes, que apoiam a posição do governo de coligação de abandonar a opção de utilização de activos até que a Bélgica receba todas as garantias que necessita para garantir a partilha mútua dos riscos financeiros e jurídicos que o país enfrentará se forem utilizados activos russos.

Embora tenha evitado entrar em detalhes sobre o que foi discutido com os outros líderes durante as semanas de conversações, pois foram conversas “cautelosas”, De Wever insistiu que encontrou compreensão na maioria deles e disse que alguns líderes partilhavam com ele a opinião de que se os activos em questão estivessem no seu território, também teriam feito reservas semelhantes.

“Mesmo quem apoia a 100% o empréstimo de reparação entende isso. Ninguém me disse que estava a ler na imprensa internacional que eu era o melhor “ativo russo”. Todos entendem o meu papel”, defendeu aos deputados, antes de sublinhar que a Bélgica não está “isolada” nem é o único país que tem dúvidas, e que acredita que se esta opção for abandonada, “alguns países poderão oscilar” para a segunda opção, nomeadamente recorrer aos mercados europeus para financiar empréstimos.

Questionado sobre se acreditava que poderia formar uma minoria de bloqueio com outros parceiros caso a medida fosse considerada apesar da recusa da Bélgica, De Wever admitiu não saber se tal cenário ocorreria, mas espera que uma solução seja encontrada mais cedo e que não tenha de propor este cenário. “Espero que nunca descubramos, seria uma pena. É realmente impossível? Não. Mas não posso dizer (o que vai acontecer)”, enfatizou.

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