O deputado juntista Josep Pagès considera que o governo está “numa fase de negação” porque, na sua opinião, não aceita a ruptura declarada pela formação parlamentar pró-independência. Por esta razão, propôs ao executivo a dissolução das Cortes e a convocação de eleições gerais. Durante uma reunião da Comissão de Justiça do Congresso dos Deputados, com a presença do ministro Félix Bolaños, Pagès confirmou que “ocorreu uma ruptura”, rejeitou a afirmação de que os Hunts e o governo estão na mesma situação de há um ano, e sublinhou que já não existe maioria parlamentar.
Para o legislador pró-independência, essa maioria já não existe e resta apenas um governo, mas sem capacidade de “criar impulso político através da aprovação de leis”, alertou, já que os votos dos sete deputados da junta são necessários ao executivo para conseguir uma maioria para aprovar qualquer iniciativa. “Ao se deparar com um evento tão traumático como esse rompimento com Jants, você está completamente na chamada fase de negação. Depois do choque, a negação é a primeira fase do luto, caracterizada pela descrença diante da perda e pela negação da realidade. As pessoas agem como se a perda não tivesse acontecido”, começou.
Neste sentido, insistiu que o seu grupo apresentasse uma alteração a todo o LECRIM, que vai apresentar esta sexta-feira ao Congresso, bem como às restantes propostas vindas do governo, conforme anunciou há poucos dias a porta-voz do Junts, Miriam Nogueras. “Senhor Bolaños, não há maioria parlamentar, não estamos onde estávamos e, portanto, não é função do governo impor um quadro político”, resumiu o deputado Khunts.
Segundo Pages, o governo “em qualquer caso” deve “voltar-se para a fonte de legitimidade democrática e devolver a palavra ao parlamento ou, em última análise, ao povo”, disse ele. Na mesma linha, destacou que o “artigo 115º” da Constituição prevê “a dissolução das Cortes e a convocação de eleições como mecanismos normais para restaurar a legitimidade do sistema parlamentar”. Um deputado do partido de Carles Puigdemont acredita que “nada está a acontecer” porque, salienta, nas democracias consolidadas, a dissolução do parlamento não é um sintoma de “fraqueza”, mas de “respeito pelo princípio da soberania popular”.