De chás quentes de inverno a saborosos refogados, gengibre (Zingiber oficial) há muito tempo é um produto básico na cozinha. Mas, para além do seu fascínio culinário, esta raiz picante tem uma história rica na medicina tradicional e a ciência moderna está a aproximar-se.
Estudos mostram agora que o gengibre pode oferecer uma ampla gama de benefícios à saúde, desde o alívio de náuseas e resfriados até a redução da inflamação e o apoio à saúde do coração.
Aqui está o que você precisa saber:
1. Alívio de náusea
Vários ensaios clínicos mostraram evidências consistentes de que o gengibre pode reduzir náuseas e vômitos, especialmente em comparação com um placebo. O NHS ainda recomenda alimentos ou chás que contenham gengibre para aliviar as náuseas.
O gengibre parece especialmente eficaz para náuseas durante a gravidez. Em pequenas doses, é considerada uma opção segura e eficaz para pessoas que não respondem bem aos tratamentos antináuseas padrão.
Há também evidências promissoras de que o gengibre pode ajudar nas náuseas induzidas pela quimioterapia, embora os resultados sejam mistos quando se trata de tonturas e náuseas pós-cirúrgicas.
Os pesquisadores acreditam que os efeitos antináuseas do gengibre podem funcionar bloqueando os receptores de serotonina e agindo tanto no intestino quanto no cérebro. Também pode ajudar a reduzir gases e inchaço no trato digestivo.
2. Benefícios antiinflamatórios
O gengibre é rico em compostos bioativos, como o gingerol e o shogaol, que possuem fortes propriedades antioxidantes e antiinflamatórias.
Pesquisas recentes sugerem que os suplementos de gengibre podem ajudar a regular a inflamação, especialmente em doenças autoimunes. Um estudo descobriu que o gengibre reduziu a atividade dos neutrófilos, glóbulos brancos que muitas vezes se tornam hiperativos em doenças como lúpus, artrite reumatóide e síndrome antifosfolípide.
Os neutrófilos produzem armadilhas extracelulares (NETs), que são estruturas semelhantes a redes usadas para capturar e matar patógenos. Mas quando os NETs se formam em excesso, podem alimentar doenças autoimunes. No estudo, tomar gengibre diariamente durante uma semana reduziu significativamente a formação de NET.
Sobre o autor
Dipa Kamdar é professor sênior de prática farmacêutica na Universidade de Kingston.
Este artigo foi republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.
Embora este estudo tenha utilizado suplementos de gengibre, não está claro se o gengibre fresco ou o chá têm o mesmo efeito. Ainda assim, as descobertas sugerem que o gengibre pode ser uma opção natural e útil para pessoas com certas doenças autoimunes, embora sejam necessárias mais pesquisas.
O gengibre também possui propriedades antimicrobianas, o que significa que pode ajudar a combater bactérias, vírus e outros micróbios nocivos. Combinado com seus efeitos antiinflamatórios, isso torna o gengibre um remédio popular para aliviar sintomas de gripes e resfriados, como dor de garganta.
3. Tratamento da dor
Quando se trata de dor, as pesquisas sobre o gengibre são encorajadoras, embora não conclusivas. Alguns estudos mostram que o extrato de gengibre pode reduzir a dor e a rigidez nos joelhos em pessoas com osteoartrite, especialmente durante os estágios iniciais do tratamento. No entanto, os resultados variam e nem todos experimentam o mesmo nível de alívio.
Para dores musculares, um estudo descobriu que tomar dois gramas de gengibre diariamente durante 11 dias reduziu a dor após o exercício.
O gengibre também pode aliviar a dor menstrual. Na verdade, alguns estudos sugerem que a sua eficácia rivaliza com a dos anti-inflamatórios não esteróides como o ibuprofeno.
Os pesquisadores acreditam que o gengibre atua ativando vias no sistema nervoso que amortecem os sinais de dor. Também pode inibir substâncias químicas inflamatórias, como prostaglandinas e leucotrienos.
4. Apoio à saúde cardíaca e diabetes
Pressão alta, açúcar elevado no sangue e colesterol “ruim” elevado (lipoproteína de baixa densidade ou colesterol LDL) são fatores de risco para doenças cardíacas. Ginger pode ajudar com todos os três.
Uma revisão de 26 ensaios clínicos em 2022 descobriu que a suplementação de gengibre pode melhorar significativamente os níveis de colesterol: reduzindo os triglicerídeos, o colesterol total e o colesterol LDL, enquanto aumenta o colesterol HDL (“bom”). Também pode reduzir a pressão arterial.
Para pessoas com diabetes tipo 2, o gengibre pode oferecer benefícios adicionais. Uma revisão de dez estudos descobriu que tomar um a três gramas de gengibre diariamente durante quatro a 12 semanas ajudou a melhorar os níveis de colesterol e o controle do açúcar no sangue.
Esses benefícios parecem vir de múltiplos mecanismos, incluindo aumento da sensibilidade à insulina, aumento da absorção de glicose pelas células e redução do estresse oxidativo. As ações anti-inflamatórias do gengibre também podem contribuir para os seus efeitos protetores do coração.
Algumas pesquisas iniciais sugerem que o gengibre também pode oferecer benefícios à saúde sexual, embora as evidências em humanos ainda sejam limitadas. Estudos em animais descobriram que o gengibre pode aumentar os níveis de testosterona, melhorar o fluxo sanguíneo e melhorar o comportamento sexual. Nos sistemas de medicina tradicional, tem sido usado há muito tempo como afrodisíaco. Embora ainda não existam provas clínicas sólidas que confirmem um impacto direto na libido, os efeitos anti-inflamatórios, circulatórios e hormonais do gengibre podem desempenhar um papel de apoio, especialmente para pessoas que sofrem de doenças como a diabetes ou o stress oxidativo.
5. Saúde cerebral e pesquisa sobre câncer
Evidências emergentes sugerem que o gengibre também pode oferecer benefícios neuroprotetores e anticancerígenos. Estudos laboratoriais mostram que os compostos do gengibre podem ajudar a proteger as células cerebrais do dano oxidativo, um fator chave em doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer.
Outra pesquisa in vitro descobriu que o gengibre pode retardar o crescimento de algumas células cancerígenas. No entanto, estas descobertas ainda estão em fase inicial e são necessárias mais pesquisas para confirmar a sua relevância em humanos.
O gengibre geralmente é seguro quando consumido em alimentos ou chá. Mas como qualquer suplemento, deve ser usado com moderação.
Doses acima de quatro gramas por dia podem causar efeitos colaterais como azia, distensão abdominal, diarreia ou irritação na boca. Geralmente são leves e temporários.
Certos grupos devem ter cautela com doses elevadas. O gengibre pode aumentar o risco de sangramento em pessoas que tomam anticoagulantes (como varfarina, aspirina ou clopidogrel) e pode aumentar os efeitos do diabetes ou de medicamentos para pressão arterial, o que pode levar à redução do açúcar no sangue ou da pressão arterial. As mulheres grávidas também devem consultar um médico antes de usar doses elevadas.
Portanto, o gengibre não é apenas um tempero aromático de cozinha: é um remédio natural com crescente apoio científico. Para a maioria das pessoas, saborear o gengibre na comida ou no chá é uma forma segura e eficaz de aproveitar seu potencial terapêutico. Se você está pensando em tomar suplementos, é sempre melhor conversar primeiro com seu médico ou farmacêutico, especialmente se você estiver tratando de um problema de saúde ou tomando medicamentos.